Pescador atravessando ao largo. (Arquivo histórico) |
Praia Mansa. (Arquivo JRS) |
Numa
dessas tarde, meio que apressado, ia eu pedalando em direção à praia quando avistei
alguém que me despertou a atenção. Reconheci logo um velho caiçara que há tempos
não encontrava para uma prosa. Avistei o João!
Esse
João é o João Quintino, primo do Aristeu, natural da Praia da Lagoa. Não
conheci o seu pai, mas a mãe, a Dona Paulina, eu tive o prazer de conviver
quando se mudou para a Praia da Ponta Aguda, juntamente com os filhos Zeca e
Acácio. A boa velhinha aparecia sempre nos serões que a gente promovia debaixo da jabuticabeira, no terreiro da Dona Filhinha.
O João, depois de velho, ficou melhor de prosa. Já faz tempo que trocou a Ponta Aguda pelo Massaguaçu. Agora não pesca mais e não caça, mas adora falar dessas atividades que por tanto tempo manteve. “No largo, no canal da ilha, puxei muitas caçoas. Quando queria pescar garoupa, era só ter uma embetara apodrecendo ou um peixe galo e ir na costeira. Não falhava. Sargo, pirajica e robalinho eu pescava no parcel da Ponta Aguda e na Praia Mansa”.
O João, depois de velho, ficou melhor de prosa. Já faz tempo que trocou a Ponta Aguda pelo Massaguaçu. Agora não pesca mais e não caça, mas adora falar dessas atividades que por tanto tempo manteve. “No largo, no canal da ilha, puxei muitas caçoas. Quando queria pescar garoupa, era só ter uma embetara apodrecendo ou um peixe galo e ir na costeira. Não falhava. Sargo, pirajica e robalinho eu pescava no parcel da Ponta Aguda e na Praia Mansa”.
Curioso
mesmo é escutar o João narrando suas caçadas. É o único caiçara que conseguiu
se alvejar duas vezes: a primeira, espreitando paca, se atrapalhou num cipó e o
tiro estragou o joelho. “Quem me socorreu foi o Aristeu. Ele tinha uma brasília
branca. Me carregou do mato e me levou até o hospital das irmãs, em Caraguá. De
lá me transferiram para São José dos Campos, onde fiquei internado quase três
meses”. Na segunda vez, o nosso personagem perseguia uns porcos do mato. “O dia
estava chuvoso. Eu escorreguei e o tiro saiu atravessando a barriga da perna.
Só que dessa vez eu tive sorte porque não afetou o osso, nem músculo. Até hoje ainda tenho chumbo na carne”.
- O que você está fazendo hoje em Ubatuba, João?
-
Eu só vim comprar um quilo de farinha da terra para dar de presente à mulher de
um grande amigo meu. Ela é muito boazinha, sabe? Agora vou indo até o ponto
para pegar o ônibus de volta para Caraguá.
E
lá se foi o João. Quanto esforço pela farinha da terra para a mulher boazinha!
[Em tempo: 1- farinha da terra é
farinha de mandioca feita pelos caiçaras. Hoje predomina a produção do Sertão
do Ubatumirim. 2- Caraguatatuba dista cinquenta quilômetros de Ubatuba].
Época boa da ponta aguda e praia da lagoa, Dona Odocia esposa do Sr Aristo fazia uma boa farinha da terra.Lembro do cerco da ponta aguda e da praia mansa .
ResponderExcluirQue bom era tudo aquilo, né Pedro?
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