Miringuitos nos Caminhos de Servidão (Arquivo JRS) |
Há
pouco tempo o primo Cláudio, que vive no Rio de janeiro desde o tempo em que
estivemos na Marinha, me perguntou sobre as sementes pretas e brilhantes que
faziam as vezes de bolinhas de gude na nossa infância, na Praia da Fortaleza. Eis
a resposta: “É miringuito, semente de cubatã”.
A árvore
denominada de cubatã é muito comum nos nossos Caminhos de Servidão e pelas
costeiras. No meu quintal, quase sempre estou achando mudas dela. É que as
sementes são trazidas pelos morcegos e germinam com muita facilidade.
O miringuito,
bem antes de eu conhecer as bolinhas de vidro (gude), fazia parte de nossas
disputas. No terreiro da Tia Martinha, onde estudávamos, em qualquer intervalo
de tempo, a molecada estava disputando partidas. Eram pequenas caçapas e triângulos
no chão duro, sob gritos de “pega risca”, “tudo”, “livre eu”, "cafifa, cafifa" que cobiçávamos
as mais belas sementes (pretas, marrons, avermelhadas e amareladas). Depois da
aula, muitos se dirigiam ao Canto do Cambiá, perto da casa do Tio Maneco
Armiro, onde sabíamos da existência de um grande cubatã. Era debaixo da sua
copada que vasculhávamos em busca das sementes mais bonitas. Elas eram jogadas
por último pelos perdedores. Por isso que os melhores jogadores (na estecada e
na mira) nunca precisavam se rebaixar ao ponto de quase que varrerem debaixo da
frondosa árvore. Eles rapelavam tudo, se vangloriavam das belas sementes
conseguidas apenas pelo talento no jogar bem.
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