Noitada de fartura - Foto: Giles Souza Junior |
Tio Dico consertando peixe no Rio Puruba (Arquivo JRS) |
Olhando a imagem da primeira grande pescaria de tainha deste ano, me recordo de tantas outras de anos passados, dos relatos dos mais antigos... Vovó Martinha dizia de como foi marcante a pescaria do seu avô: “Era uma montanha de tainhas na praia do Pulso, onde todo mundo passou o dia e chegou à noite consertando peixe. No fim, passaram a só aproveitar as ovas”.
O alemão Hans Staden, que na metade do século XVI escreveu o
primeiro livro a respeito dos costumes dos tupinambás, os primeiros habitantes
desse território, escreveu que os índios tinham motivos para brigar em duas
ocasiões:
“Em dois
momentos do ano tínhamos que nos precaver especialmente, pois nessas épocas os
selvagens invadem o território de seus inimigos com um ardor especial. Um dos
momentos perigosos ocorre em novembro, quando determinados frutos ficam
maduros. Esses frutos chamam-se, na língua deles, abati, de que fazem uma
beberagem denominada cauim. [...]
Além disso, era preciso estar especialmente alerta em agosto, pois é quando eles pescam determinado tipo de peixe. Esse peixe muda-se do mar para a água doce das bocas dos rios com o propósito de desovar. Chama-se na língua deles, pirati, e os espanhóis dão-lhe o nome de liesses.
Além disso, era preciso estar especialmente alerta em agosto, pois é quando eles pescam determinado tipo de peixe. Esse peixe muda-se do mar para a água doce das bocas dos rios com o propósito de desovar. Chama-se na língua deles, pirati, e os espanhóis dão-lhe o nome de liesses.
Nessa época,
também costumam levar a cabo expedições de guerra, para juntar maiores provisões
de alimentos. Capturam tais peixes com pequenas redes ou abatendo-os com
flechas. Muitos desses peixes são levados para casa já assados, mas uma parte
deles é usada para fazer uma farinha a que dão o nome de piracuí.”
Ou seja, está na alma caiçara saborear tainha. "Coitado daquele que não tem esse prazer". Já dizia o velho Bermiro, lá na Praia Brava, na década de 1970.
(Notas: 1- o abati (milho) era misturado à mandioca para resultar no cauim, uma espécie de cachaça; 2- As tainhas, em seus maiores cardumes, chegam na metade do ano, por ocasião das Festas Juninas. A maior delas, num cardume, a chamada de tara, era ofertada ao santo da devoção, da festa).
Ou seja, está na alma caiçara saborear tainha. "Coitado daquele que não tem esse prazer". Já dizia o velho Bermiro, lá na Praia Brava, na década de 1970.
(Notas: 1- o abati (milho) era misturado à mandioca para resultar no cauim, uma espécie de cachaça; 2- As tainhas, em seus maiores cardumes, chegam na metade do ano, por ocasião das Festas Juninas. A maior delas, num cardume, a chamada de tara, era ofertada ao santo da devoção, da festa).
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