Arcaide e sanhaço folha-seca contentes com banana (Arquivo JRS) |
Ficou pronto! Está lá, na Casa Caiçara, o nosso primeiro livro; da turma da oficina de xilogravura. O texto é do Boi de Conchas, do Júlio Mendes. A versão para a literatura de cordel se deve ao Jorge Ivam. Creio que outros virão na esteira desse material.
Procurando saber de como esse tema (boi) veio para em Ubatuba, na terra dos caiçaras,achei umas informações interessantes.
Tudo leva a crer que as primeiras manifestações se deram na década de 1930, conforme mostra o jornal da época “Echo Ubatubense”. É onde diz que a Dança do Boi era apresentada pelo senhor Carlinhos, ou “Carrinho”, filho de um maranhense. Portanto, vem do Norte a nossa tradição, assim como vem do Sul a nossa Dança da Fita (trazida de Santa Catarina pelo pescador João Vitório, da Praia da Enseada). Observação: foi o pessoal do Itaguá que fez a primeira apresentação da Dança do Boizinho. E eles continuam bons na tradição cultural do nosso município, representam muito bem a cidade de Ubatuba!
Com o pai, o Carrinho aprendeu a confeccionar o boizinho e os cavalinhos para brincar o carnaval. Os amigos da área Itaguá-Acarau e adjacências se esmeravam no enredo: Leopoldo Scongelo era o patrão (mestre), Joaquim Thiago, o Velho Quincas, era o angariador de donativos. Anísio José dos Santos e Lauro Bougert, vestidos de mulheres, eram ricas fazendeiras que brigavam entre si para comprar o boi. Sebastião Rita era o contador de histórias. Dito Paratiano desejava matar o boi e repartir a carne com os pobres. Euclides Estevan, o “Quidi”, era o dançador que ficava debaixo do boi. Miguelzinho Firme e Joaquim Firme, dançadores nos cavalinhos. Augusto Bernardo, o “Patera”, era o toureador. Antonio Pinho e Antonio Pedro eram os mascarados. Os integrantes do conjunto musical eram: Alfredo Mariano, Arlindo, João Paru, Tibúrcio e Otávio Rolim (violas). Benedito Paru tocava rabeca. O sucesso desse pessoal foi tão grande no carnaval de 1940 que até provocou ciúmes aos demais blocos carnavalescos, resultando em ameaças de “quebrar o boi e seus componentes caso se apresentassem no ano seguinte”.
No ano seguinte, para que a Dança do Boi do Itaguá se apresentasse tranquilamente, Leopoldo Scongelo, mestre da dança, veio até a cidade e solicitou ao delegado de polícia segurança ao seu grupo. E assim foi feito. O delegado e um soldado vieram até a Barra da Lagoa e conduziram o grupo até o centro da cidade. Assim os foliões do Itaguá puderam brincar o carnaval de 1941.
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