Zé, coloque em seu BLOG :
A tia Terezinha há pouco nos deixou. Era a última tia benzedeira. Agora, na minha família não tem mais ninguém. As outras (tia Maria Mesquita, tia Aninha, tia Martinha, tia Apolônia...) já se foram faz um tempinho, “dentro do combinado”. Creio que era a única no bairro do Ipiranguinha. Não sei como vão se virar os muitos pobres que a procuravam com tanta esperança de serem aliviadas.
Disse Goethe: "NEM TODOS OS CAMINHOS SÃO PARA TODOS OS CAMINHANTES".
É verdade! E sendo assim, eu digo que O MEU CHÃO NÃO É DE TERRA, NÃO TEM TRILHO DE CAMINHO, NÃO TEM ESQUINA DE RUA E NEM RUA COM ESQUINA. O CAMINHO DE MEU CHÃO É O MEU PRESSENTIMENTO, SIGO O BRILHO DO SOL, VOLTO NO RASTRO DA LUA.
Julinho Mendes.A tia Terezinha há pouco nos deixou. Era a última tia benzedeira. Agora, na minha família não tem mais ninguém. As outras (tia Maria Mesquita, tia Aninha, tia Martinha, tia Apolônia...) já se foram faz um tempinho, “dentro do combinado”. Creio que era a única no bairro do Ipiranguinha. Não sei como vão se virar os muitos pobres que a procuravam com tanta esperança de serem aliviadas.
No
começo do ano acompanhei o caso do Beto, um pedreiro esforçado que havia
contraído leishmaniose no Pé-da-Serra, num serviço de manutenção por ali. Semanalmente
ele estava na casa da titia para uma sessão de benzimento. Tomava um café
depois de mais de meia-hora de rezas e imposições de mãos; nunca saía sem levar
uns matos para banhar a ferida feia que lhe roía o calcanhar. “É mosquito-palha
que fez isso, primo. Mas a titia vai curar”. De nada adiantava eu recomendar
que fosse ao Posto de Saúde procurar uma orientação do doutor Teófilo. “Para
mim, bastam a fé e o poder que a titia tem”.
Ontem,
pedalando pela estrada com uma caixa de ferramentas na garupa, encontrei o
Beto. Ainda estava com uniforme de trabalho, cheio de disposição de chegar em
casa, tomar um banho, encher a pança e descansar para enfrentar a luta que
continua a cada dia. Perguntei da ferida. “Já passou; só tem a cicatriz! Valeu
muito o poder da titia! Se não fosse as suas rezas e tudo aquilo que ela me
indicava eu teria perdido a perna. Agora, o que decidiu de vez foi a pimenta!”.
Como
assim? Pimenta? “É isso, primo. Por fim a titia me deu umas dez malaguetas e a
seguinte ordem: ‘Faça em duas vezes esse punhado. Amasse bem em cima de uma
pedra, acrescente um punhadinho de sal e coloque em cima da carne viva. O Nosso
Senhor vai te curar. Só não esqueça de agradecer depois’. E foi mesmo! Agora
não sinto nada! A fé da titia ajuntada aquele monte de mato e ao poder da malagueta
matou o veneno do mosquito-palha, graças à Deus!”.
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