(Mar invadindo a Barra Seca - Foto: Júlio Mendes/2010) |
Dia de finados, dia dos que se finaram. Dia dos que continuam na memória! Ao menos é assim que eu penso: a memória é o que mais importa de tudo isso que é chamado de existência humana.
Para guardar os restos mortais nós temos e tivemos vários cemitérios. Eu nasci próximo do campo santo da Maranduba e lá estão os restos mortais dos meus parentes paternos. É de onde se tem uma vista panorâmica da referida praia até a Lagoinha. Ah! Vida boa de defunto!
Também em outros lugares os ossos que já não se sustentam podem ser guardados: centro da cidade, Ipiranguinha, Ubatumirim e Camburi. De outrora, na minha memória estão memórias dos contadores caiçaras: o falecido Daniel “Sabiá” contou que a capela do Horto Florestal foi construída em cima de um cemitério de escravos. Para tal fim ainda tinha o do Morro do Formigueiro, na Lagoinha (esta informação veio do finado tio Ezídio), o da Floresta da Raposa, na praia do mesmo nome (conforme disse a defunta Maria Galdino) e da praia Vermelha do Bertolino (Praia Vermelha do Sul), que precisou ser desativado, de acordo com o vovô Armiro - que também está enterrado há anos! - porque “o mar avançou sobre o canto direito e começou a mostrar os ossos”. Os lugares onde os mortos indígenas eram guardados também estavam por perto: onde hoje é o Morro do Parque Vivamar foram encontradas a urnas funerárias (potes de barro) recentes. Próximo das ruínas do presídio da Ilha Anchieta há um cemitério. (Quem me falou disso a primeira vez já nos deixou há tempos: o bondoso Antonio Julião). Na Ilha do Mar Virado, onde os meus parentes maternos cultivaram intensamente mandioca, feijão e outros gêneros, havia um lugar cheio de ossos. O nosso ente querido tio Onofre dizia que era “lugar de assombração”. Coisa semelhante dizia o saudoso Sebastião “Velho Rita” em referência ao areial do Tenório. E quem nunca ouviu falar das assombrações que desciam o Morro da Mococa?
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