“Arreparei na cumeeira, junto da rija jiçara, onde de tudo tinha um cuí: desde a gamela de pexe saprêzo até pena de pato pra b'varrê parede de forno. O que eu procurava era o rodo, pois havia lasca de canevetêro, de imbaúba e de tinticuia junto com bagaço seco. Tava tudo estalando; um só brasêro desde a boca do forno.
Enquanto isso, no cocho o tipiti cedia lugá pra uma massa quase seca despois de prensada no fuso. Inda tinha tempo pra um gorpe de pinga ou de café intirume. Só não se podia demorá porque tinha muito que fazê ante do finá da farinhada.
Tava na metade da farinhada. Restava amorná, murchá e torrá a massa. Despois, da goma da gamela, saía o bolo e o biju; por úrtimo ficava a quirera, que era a fiapada da mandioca torrada; ela servia de comida pra criação. Galinha e pato papava tudo isso e ainda queria mais!
A casa de farinha era de pau-a-pique. O sapê da cobertura inda aturava deiz ano. No arredó tinha de tudo quanto era arve: laranja-da-china, mexerica, bordo, goiabêra e até um pé de araticum, d’onde vinha sempre um canto de sabiá cica.
Tinha o terrêro; despois era só cisquêro, d’onde brotava inhame e taiaiaoba entre resto de saquaritá, preguaí e marisco. Também era espaço do jambo marelo todo enroscado de cará-moela, da jabuticaba, da pinha e da fartura de banana. A preferida sempre foi a san’tumé por causa do escardado de pexe
Por’onde principei dizendo? Não era de querê essa lonjura! Só ia dizê um cuí do tempo d’ante, donde ninguém queria apossá de nada. Chiba contecia de montão! Compensava o cansaço da roça e do mar. A felicidade estava no pixé, na banana assada, na bentrecha seca pra comê com café amargo. Ou pirão de garôpa, de jangolengo ou quarquer otro da pedra. Ou o de comê vinha do mundéu, da arapuca, do cumbu e da esparrela. No carrêro do bicho se recolhia desde oriço até tatu. Tudo que dava pra mais de um dia ia pro jirau secá ou se saprezava na gamela. Quase ninguém carecia de nada. A certeza era só uma: há de sobejá”.
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