Joseana e Carla - Arquivo Ana |
Joseana e Mônica - Arquivo Mônica |
Naquele momento de muitos soluços, de abraços expressando sinceros sentimentos pela partida repentina da nossa querida Joseana, fui me recordando da sua passagem entre nós, da menina curiosa, sempre querendo ajudar em alguma coisa. Adorava diversões, sobretudo passeios pelos espaços lindos que nos circundavam em Ubatuba. Eu comentava tudo isso com um dos primos presentes, entrei em detalhes de várias ocasiões. Uma delas, quando a Jose era uma garotinha de cinco anos, nós passeávamos na Avenida Iperoig por debaixo das árvores e coqueiros dali. Era um fim de tarde tranquilo, com pouca gente fazendo o mesmo. Íamos de mãos dadas. De repente, uma pessoa que cruzou o nosso caminho jogou uma embalagem de biscoito no gramado. Adivinha o que fez a menininha? Se soltou da minha mão, foi até o lixo largado por alguém de pouca educação, recolheu-o e continuou andando até achar uma lixeira distante para depositar aquela porcaria de um ser irresponsável. Sem falar nada, sem eu ter comentado nada ela me deu uma importante lição naquele dia distante: devemos ser exemplos às gerações mais novas, mas também precisamos aprender com elas. Nisso o meu primo, morador do bairro da Estufa desde que nasceu, interferiu com o seguinte comentário: “Pois é, Zé. Ela, desde novinha, aprendeu a importância da limpeza, da organização. Agora, se você for no nosso bairro que era tão gostoso de se viver vai se desgostar, ficará triste de ver tanta sujeira, tanta coisa errada e tudo muito feio. Você acredita que até a casa que foi do meu avô agora abriga um bar, vive sempre cheio de pingalhadas?”. Um dos tios, participante da prosa, imediatamente entrou com esta fala: “Não é só lá não! Onde eu moro também tá assim. Eu tenho nojo de olhar no rio no qual até pouco tempo a gente se refrescava, onde as crianças brincavam. É lixo, plástico de todo quanto é tipo...É esgoto mesmo! De fossa, de pia...de tudo! Aonde vamos parar?”.
Pois é. Talvez por isso, vendo tantas coisas gritantes, tantas injustiças, tantas alterações para pior em nossa realidade, a Jose foi se afastando de Ubatuba, do nosso meio. Quantas lições eu aprendi com as crianças, com a nossa querida Jô?!
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