sábado, 17 de agosto de 2019

A CAÇADA DA TITIA


Natureza da minha Gal (Arquivo JRS)
                   
Meu cantor preferido (Arquivo JRS)


    
Hoje, bem cedo já estava ouvindo o sabiá todo animado no ipê da minha calçada. Todo ano ele vem para criar os filhotes no meu quintal; faz ninho no pé de uvaia. “Agosto é mês de sabiá cantar”. Percebi que do outro lado do muro alguém parou. Pensei: “Certamente está admirando este canto maravilhoso do meu sabiá”.  Bem devagarinho eu subi numa escada ali perto para ver quem era. Enquanto isso o sabiá-laranjeira continuava na maior tranquilidade, embalando quem quisesse ser embalado. Sabe quem estava do outro lado, com olhos enviesados e cara de apalermado? O indivíduo próximo que de vez em sempre está maltratando as minhas plantas. (Até um pé de pau-brasil ele conseguiu matar). Quem diria!!! Tem coerência alguém assim? Castiga a natureza, mas não perde a oportunidade de apreciá-la. Sem noção mesmo!


            E por falar em natureza, mais uma contribuição do saudoso Mané Hilário mostrando o que era o espaço caiçara, no começo do século passado. É! Este mesmo que hoje está todo ocupado por casas, ruas, calçadas etc.!

Caçada da titia

           Um dia, o meu avô, os meus tio, foram trabalhar pro Antonio de Lima, pai do finado Tinoca, o  avô  do Antonio Galvão, e saiu uma vara de porco no quintal da casa deles lá. A minha tia, com uma mão-de-pilão, matou dois.  Um bocado entrou dentro do chiqueiro. Aí pegaram a gritar pra ela entrar pra dentro senão o porco pegava ela. Porque o porco do mato é bravo, né? Aí entrou pra dentro. Ela chegou na porta e tocou a corneta. Eles tavam trabalhando pro um senhor na beira do rio. Vieram saber o que era e acharam o estrago porque a porcada saiu no terrêro. Tinha doze preso num cercado que eles tinham feito lá. Entraram no cercado. Ela fechô. Perdeu uma fornada de farinha por causa da porcada. E  eles vieram e mataram todos os doze porcos, com dois ou três que ela tinha matado com a mão-de-pilão... E a minha tia Olívia morreu com cento e doze anos. “Olivia, sai daí que o porco te mata, te morde. Sai daí Olívia”.  E ela: brau, brau, uóóó...Com a mão-de-pilão matou dois. E eles então vieram e mataram doze que tavam preso num curral que fizeram lá. Dividiram porco com aquela vizinhança tudo. Isso foi lá na olaria, no meu terreno. Lá onde tem a escola [Dionísia, no Perequê-açu].





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