Canoa grande da praia Mansa (Arquivo Rê) |
Olhando
a fotografia, parece que foi ontem a minha despedida da praia Mansa, na
Ilhabela, onde uma comunidade caiçara me acolheu tão bem, com tanto carinho.
Numa ocasião anterior, foi a mesma coisa com um grupo de jovens, estudantes que me
acompanhavam, todos da escola “Aurelina”, no bairro da Estufa, em
Ubatuba. Por alguns dias, puderam ouvir e conviver com pessoas que viviam bem
distantes de tudo (das facilidades do progresso), cultivando banana, mandioca, batata doce, cana, feijão e
milho; dependendo do mar em muitas
coisas; festando sempre que uma oportunidade aparecia. Ali, fazendo parte de
quase tudo, estava o amigo Pedro, o professor, cidadão de São Luiz do
Paraitinga que se acaiçarou há muito tempo.
Na escolinha, no jundu, ficamos protegidos e alimentados por alguns dias. Assim que a noite chegava, conversávamos a respeito de tudo, sobretudo daquilo que estávamos vivendo. Conforme fala recente do Cláudio do Juquinha, um daqueles jovens da citada experiência: “Não tem como a gente se esquecer dos dias que ali vivemos. Devemos muito a você pela oportunidade”. É, já está completando vinte e cinco anos. Saudações a todo mundo que encarou o desafio, que enfrentou frio e chuva, que tomou banho na cachoeira gelada, que deu gostosas risadas, foi solidário e sentiu o que é solidariedade. Abraço forte a vocês!
Praia Mansa e escola(Arquivo Rê) |
Na escolinha, no jundu, ficamos protegidos e alimentados por alguns dias. Assim que a noite chegava, conversávamos a respeito de tudo, sobretudo daquilo que estávamos vivendo. Conforme fala recente do Cláudio do Juquinha, um daqueles jovens da citada experiência: “Não tem como a gente se esquecer dos dias que ali vivemos. Devemos muito a você pela oportunidade”. É, já está completando vinte e cinco anos. Saudações a todo mundo que encarou o desafio, que enfrentou frio e chuva, que tomou banho na cachoeira gelada, que deu gostosas risadas, foi solidário e sentiu o que é solidariedade. Abraço forte a vocês!
Na
fotografia acima está o momento em que embarquei de volta, na ocasião seguinte, deixando por lá pessoas
muito estimadas. “Vamos, Zé. Vamos no
rumo do porto da Ilha. Você vai gostar de sentir o vento salgado”. Creio que foi a única vez que deixei de
enfrentar a trilha dos Castelhanos, de sete horas bem caminhada, até o porto principal
de embarque e desembarque da Ilhabela.
Ponta da Cabeçuda. Lá em cima a Pedra Cortada (Arquivo Rê) |
Na embarcação, fui escutando, entre
berros (porque o motor era muito barulhento), detalhes dos lugares (praias,
costeiras, lajes etc.) e de causos da Ilha: “Aquela é a Ponta
da Cabeçuda. Dizia o meu finado pai que, bem antigamente, um velho morava ali.
Ninguém sabia de onde veio porque ele não falava. Diziam que se tratava de
um sobrevivente de um navio que afundou perto da costeira, por ali mesmo. O coitado passava a maior parte do tempo
olhando o mar, como se esperasse a chegada de alguém, possivelmente de algum
lugar do estrangeiro. Nunca pareceu ninguém para lhe dar essa alegria. Até que
num belo dia, o avistaram sem vida na
Pedra Cortada. Ali mesmo, na cepa do coqueiro indaiá, ele foi sepultado. Seus
ossos devem estar lá até hoje. De vez em quando alguém diz que avista um vulto
olhando o mar no mesmo lugar onde ele morreu, na Pedra Cortada”.
O
ano em que escutei a história? 1993.
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