segunda-feira, 4 de junho de 2018

VELHAS TOADAS

Grupo de Fandango (Arquivo JRS)
João Alegre e Renato Teixeira (Arquivo Ubatuba Antigo)



               Eu não sou bom em canto, nem instrumento toco, mas sempre gostei de apreciar a minha gente cantando e embalando nossos momentos caiçaras com as “modas da gente”.  Acho que o meu filho Estevan e o meu sobrinho Régis vão nessa direção. Que alegria!

               Na minha infância me encantava ouvindo o Maurício do Bonete, o Ondino e o João de Grilo da Fortaleza, o Elias do Dário, o tio Maneco Armiro, o Doquinha da Ribeira, o Zacarias Julião do Corcovado, a Rosinha e o Jovelino do Lázaro, o Galvão do Centro e tantos outros. Numa ocasião, o cantor Renato Teixeira citava outros caiçaras que exerceram influência no seu estilo musical. João Alegre e Chico Alves estavam entre os que, na Praça da Matriz, encantavam o jovem Renato. Hoje, para recordar o “Chico Arves”,  o nosso Francisco Alves da Silva, vai esta tontinha:


               Companheiro me ajude/ Que eu não posso cantar só.
               Eu sozinho canto bem/ Com você canto melhor.

               Cadê o meu companheiro/ Que me ajudava a cantar.
               Decerto ele já morreu/ Deus lhe dê um bom lugar.

               Minha camisa de folha/ Minha calça de cipó.
               Eu já vou tirar imbé/ Pra fazer meu paletó.

               Paulino era uma criança/ Tinha dezessete anos.
               Que pedi: Tome cuidado/ Por sua mãe não engano.

               Eu já fui passar por serra/ Para ver a santidade.
               Só nunca vi terra tão santa/ Gente com tanta maldade.

               Tava na beira do cais/ Quando meu bem se embarcou.
               Foi a prenda mais bonita/ Que a onda do mar levou.

               Pescador que vai à pesca/ Com anzol de alegria.
               Bota no peixe dourado/ No tombo da maresia.

               Essa casa tá bem feita/ Com a cruz na cumeeira.
               Eu saúdo o dono da casa/ E sua família inteira.

               Lá detrás daquele morro/ Tem carvão, muita faísca.
               Peguei te querer do bem/ logo na primeira vista.

(Recolhida por Marcus Pereira, em 1973)

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