Nesta fotografia antiga (aproximadamente 1950), na tomada aérea, como se estivesse olhando do morro, pouco depois das terras do saudoso tio Durval, se avista bem a Justa e não tem como negar que a área era bem ocupada, com roças e moradias. Dentre caiçaras de muita importância para o município, eu cito a Maria Balio que dizia assim: "O meu umbigo está enterrado na Justa, onde nasci". Era filha do telegrafista que mais tarde foi morar na praia do Sapê. Sim! Na praia da Justa havia um posto de telégrafo! Era o último posto estadual (o seguinte já se localizava em Paraty, no Rio de Janeiro). O destaque, ali bem tranquila naquele mar que nos faz cochilar, é para a Ilha da Pomba, da história que eu já contei em outra ocasião.
Você não sabe a história da pomba? O dó! Assim o tio Dico me contou:
"Na Pomba, aquela ilha de frente da Justa, morava uma mulher já idosa. Quase no fim da vida ela teve que enfrentar uma causa na Justiça porque alguém, dessa gente de fora que tinha muito dinheiro, estava grilando a sua terra, a Ilha da Pomba. Essa foi a sina de tantos caiçaras: perder a terra, a única posse que tinha, para os ricos que vieram com o turismo. Assim, depois de anos em litígio, ela perdeu mesmo a causa. Quem vai olhar pelos direitos dos pobres, meu filho? Mas dizem que na última audiência, ela desabafou inutilmente:
'Escuta aqui, seo doutor, eu sei que tenho poucas chances de vencer esta causa porque eu sou pobre, sempre vivi da roça e do mar desde que me entendo por gente, mas mesmo assim eu vou desabafar. A Pomba é a minha terra desde muitas gerações. Os meus pais eram da Pomba; os pais e avós deles também nasceram na Pomba. Na Pomba eu nasci. Na Pomba eu me criei; cresci sem nem mesmo conhecer a vila. Esta causa foi que me trouxe pela primeira vez aqui, na cidade. Na Pomba eu me casei. Na Pomba eu tive meus filhos. Na Pomba eu ganhei cabelos brancos. Agora querem me tirar a Pomba?'".
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