São Dito Fernandes (Arte Estevan) |
Era
madrugada (03:30 horas) quando me levantei. Meu filho ainda estava acordado,
com um desenho bem adiantado para homenagear o saudoso Dito Fernandes. “Já tô nele há cinco horas. Tá ficando
bom?”. “Tá lindo, filho!”.
O
desenho retrata o mestre Dito Fernandes rodeado por aqueles santos festeiros
como ele. Tá São Roque, tá São Gonçalo, tá São Benedito... tá a turma toda
tantas vezes cantada, que continuará animando a coreografia da Congada de São
Benedito do Sertão do Puruba. Olha o detalhe das nove rosas! “Agora vou dormir um pouco, pai. Acho que é
o meu melhor desenho”. “Também acho,
filho. Tá de parabéns! Daqui a pouco eu também sairei para o trabalho. Bom
descanso”.
Além
dessa turma toda, o Dito vai reencontrar o Pedro Brandão, o Horácio, o Orlando,
o Dito da Laranja, o tio Maneco Armiro, o tio Durval, o Antônio do Puruba, o
Maurício do Bonete, o Aristeu da Ponta Aguda, o Velho Macuco, o Otávio, o
Santinho, o Romãozinho, o Zacarias Julião e tantos outros caiçaras que nos legaram essa
musicalidade, esse lado festivo da nossa cultura.
Conforme
me indicou um dia o finado Antônio do Puruba, atrás do seu bar era a serraria do
espanhol. “Era bem ali, tá vendo?
Trabalhava muita gente beneficiando caxeta; depois era transportada em carro de
boi até a praia da Justa, de onde era embarcada para Santos. O Fileto era quem
conduzia a carga puxada pelos bois. Era uma turma grande, com muitos camaradas
que vinham de Cunha. Desse encontro entre caiçaras e caipiras, surgiu o
interesse pela congada. Os mestres foram se formando. Alguns deles: Ditinho
Alves, Francisco Paulo, Fortunato...”
Desde a
década de 1980, após a morte do mestre Fortunato, o comando foi do Dito
Fernandes. E aí, com uma família extensa, a Congada de Bastões do Sertão do
Puruba se enraizou de vez entre nós. Eu recomendo: Youtube – Congada de Bastões de Ubatuba – Revelando São Paulo, postado por Karoline e Fabrício, em
abril de 2012.
Agora, com essa caiçarada toda se reencontrando com os santos festeiros,
Mestre Dito Fernandes inicia o canto na sua viola:
“Oi dá licença, minha guia, dá licença/
Oi dá licença pra enfeitar a
Companhia/
Ponha nove rosa, ponha nove
cravos, pra ficar bonito/
Pra enfeitar São Benedito”.
Dona Mocinha certamente vai continuar como contramestre da música. Dos seus filhos e netos, outros mestres irão despontar em memória do Dito Fernandes e de todos os caiçaras festeiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário