Se não tiver peixe...tem fruta no palmiteiro para fazer suco (Arte Estevan) |
De vez em quando, relendo textos de mais tempo, me recordo de detalhes relacionados a eles e vou dando os acréscimos. A Pedra do Tapuá é um desses casos.
Itapuã, de acordo com a tradição que vem
dos antigos, da parte dos índios, quer dizer pedra que aparece, ponta de pedra. No caso, itapuã virou tapuá.
O
Velho Rita gostava de sentar no canto do Acaraú, na linha dos jambuís, olhar
para o largo, apontar a Pedra do Tapuá, e contar momentos dos velhos pescadores
e das fantásticas pescarias que ele presenciou ali. “O Scongelo, numa ocasião, conseguiu trazer um robalo de trinta quilos.
Daquele bonito peixe, foi feito um almoço para o bispo de Santos que estava em
visita pastoral por estas bandas. Comeu um mundaréu de gente daquele robalo”.
Tapuá é uma pedra, uma laje que aflora
no mar. Se avista a Pedra do Tapuá a
partir do Caminho do Cais. Quando você estiver caminhando por lá, chegando na metade do trajeto olhe um pouco mais para
longe da costeira, por sobre a Pedra do Morcego, em direção à Prainha
do Padre. Você avistará uma pedra cercada por um mundão de água. É essa pedra
que, desde os primeiros habitantes, há quinhentos anos, traz este nome: Tapuá.
O
finado Tião Mesquita dizia que o seu pai, ao vir da Fortaleza para o Itaguá,
escolheu a Pedra do Tapuá como pesqueiro. “Comemos
muitos robalos, sargos, sarambiguaras recolhidos pelo tresmalho do meu pai
naquele lugar”.
Os
portugueses, os caiçaras e até os ingleses respeitaram o nome escolhido pelos
índios. E chegou até nós! Sabe que acho isso muito impressionante! Está
duvidando? Então procure a Carta do Almirantado Inglês, de 1870,
localize o detalhe descrito à parte. Entre as profundidades meticulosamente
assinaladas, há a referência destacada: Tapuá. É! Esses ingleses sabiam de
muitas coisas! Não é à toa que, por tanto tempo, eles dominaram os mares!
Alguns
desses caiçaras que ainda estão por aí, na casa dos sessenta, setenta anos, que
estudaram com professores bravos (Lauristano, Joaquim Lauro e outros), dizem
que, depois de aplicarem os castigos escolares comuns daquele tempo, eles ameaçavam
os alunos indisciplinados com a seguinte frase: “Na próxima vez vai ficar
na Pedra do Tapuá”. Eu, hein!? Credo!
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