Era um salão nobre, local de tantas eventos! (Arquivo JRS) |
427 hectares de ecologia! (Arquivo Luzia 1982) |
Não
é de hoje que notamos a degradação ambiental em nosso litoral. A cada ano que
passa se cumpre a profecia de alguém lá
do passado, do começo do século XX. Dizia o meu pai que o avô dele era
analfabeto, viveu entre as lidas da pesca e da roça na praia do Pulso, só vinha de vez em quando na
cidade, mas dizia coisas inacreditáveis: “Por
aqui terá uma estrada, passarão muitos carros e construirão muitas casas. Os
bens serão baratos, existirão em quantidade que nem dá para imaginar, fazendo
com que muita gente os tratem como descartáveis. Mas eu não estarei vivo para
testemunhar isso”.
Hoje me
recordei disso porque está evidente que o descarte de lixo pelas esquinas, em
terrenos baldios, nas margens da rodovia, nos rios, nas praias etc. está cada
vez pior. E o que dizer das invasões na Mata Atlântica, das derrubadas de
morros para terraplanagem etc.? Elas só aumentam! Agora, na temporada de férias
das crianças, parece que redobra o desafio de ensiná-las como não se comportar,
deixar de seguir os péssimos exemplos perante a natureza (que é tão importante
para nós e essencial para a vida).
O
assunto hoje é a Estação Experimental de Ubatuba, ou Horto Florestal. (Pode até
ter outro nome, mas foi assim que aprendemos desde criança). O local se apresenta como um cenário desolador,
com pouquíssimas pessoas na manutenção, sem as pesquisas de outros tempos... Acredito que a atual administração da Unidade de Pesquisa está fazendo o máximo, mas o governo estadual parece sustentar outros projetos. Que Estado é este? Olho para um lado o mato está invadindo, para o outro avisto
as ruínas de um salão que até o ano 2000 ainda era nobre, com agenda sempre
repleta de eventos. Adentrando, na área dos bambuzais quase não se distingue as
variedades que ali resistem. Me senti desolado onde havia mais de uma centena
de variedades de mandioca em estudos há menos de vinte anos. O caminho antigo,
que partia do terreno de secagem de café e nos levava ao “Carreiro das Antas”,
já se perdeu na mata crescida. Nem a plantação de erva mate eu consegui
distinguir na minha última caminhada que fiz. Me parece evidente que essa
área pública está sendo preparada para ser privatizada. Aí, alguém (pode ser
até estrangeiro) vai ganhar mais dinheiro, aumentar seu capital nesse nosso patrimônio, onde tantos
caiçaras e caipiras trabalharam; onde ainda tem, além da flora e fauna,
resquícios do nosso passado. Pergunto: Por que o município não tem funcionários
profissionais em História e em Arqueologia? Por que não tem um projeto de Turismo Cultural?
Enfim,
o ano pode ser novo, mas os hábitos velhos de cobiça, de descartar o lixo em
qualquer lugar, de sujar em todos os sentidos continuam. Pensemos nesta geração
e nas futuras. Pensemos em Ubatuba. Pensemos na natureza preservada, com um
potencial imenso de vida e de riquezas!
Ah!
Sabe que uma grande riqueza do “Horto” é a Fonte da Amizade? Que tal conhecê-la?
(A placa já se foi, mas continua valendo o lema: A natureza criou. Nós
oferecemos. Ajude a preservar).
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