Mesmo que as pessoas desta
história não vivam mais, eu sempre os estimei muito. Na verdade, eu continuo
guardando os bons momentos que vivi com essa família, na praia do
Perequê-mirim. É por isso que não citarei nomes. Na minha memória eles são
imortais! Então... eu continuo gostando deles, das coisas boas que vivemos em
outros tempos!
Era uma família feliz. Ela, além
dos afazeres domésticos, também faxinava nas casas de turistas. Ele trabalhava
de encanador e eletricista, mas era entendido em outros ofícios (enfermagem,
relojoeiro...). O menino, super educado, se dava bem com todos da vizinhança. Agora
são todos mortos, de doença mesmo!
Depois de muitos anos encontrei
uma amiga que os tínhamos em comum, também vizinha na mesma rua. Os assuntos
variaram, variaram... até que chegou na tão estimada família. “Pois é, depois
que o marido foi-se embora, deixando- grávida, o (....) gostou dela e a assumiu
integralmente, educando com maior empenho aquela criança. Ah! Ainda bem que eu
testemunhei o amor entre eles!”. “Eu também!”. “Que casa agradável era a deles, se lembra?”. "Sempre
saíam juntos para as compras na cidade". "Nas festas da capela, e, nos finais de
tarde, lá estavam eles olhando o mar". "Depois, foram-se um após o
outro: primeiro foi o filho, por volta dos vinte anos. A doença agiu muito rápido.
Em seguida, o pai que já era idoso...”. “Ele fumava muito!”. “É verdade". "A
doença de pulmão o levou". "E a viúva reencontrou um amigo de infância, foram
morar juntos, depois se casaram, mas a alegria deles não chegou a durar cinco
anos. Ela faleceu nem sei dizer de qual
doença”. “É a vida, né?”. “Ah! Você soube que, um pouco antes de morrer, ela
recebeu a visita daquela que havia lhe ‘roubado’ o primeiro marido, pai do seu
filho? Pois é, ela veio de Santos e lhe pediu perdão”. “E o marido traidor?”. “Ele
não veio, nunca apareceu mais por aqui”. “Você sabia que eu nada sabia dessa
história de traição, nem desse perdão?”. “Ah não?!?”.
Tristeza, né? O Velho Drummond
disse num contexto mais ou menos parecido: “Se o inferno existir, este mundo
deve ser o vestibular”.