Turistas no Perequê-açu- década de 1960 (Arquivo Ubatuba Histórica) |
Há uma pequena parcela da humanidade que só tem a lucrar com o desequilíbrio emocional das pessoas.
Quem é desequilibrado demais sofre muito e causa sofrimentos. Se desfaz de bens, perde amizades e destrói amores. Em última instância, quem lucra com isso são aqueles que conhecem as engrenagens, que são partes vitais deste sistema econômico, possuidor de um espírito capitalista, baseado mais no lucro do que no trabalho.
Quando eu nasci, no litoral vicejava a ânsia por lucros a partir da venda das posses. Muitos dos caiçaras acreditavam que suas vidas seriam tranquilas a partir da negociação de suas terras, de construção de casas para aluguel nas temporadas etc. Apenas as comunidades mais afastadas das rodovias, onde o acesso era dificultoso, permaneciam nas suas tradições, mas "com um olho no peixe e outro no gato", propensos às novidades trazidas pelo turismo. E foi chegando os "tubarões"! E foi chegando a moda dos "tubarões" e dos "tubarõezinhos"! Parte da caiçarada foi engolindo a isca, sonhando ser uma coisa que não estava em suas raízes: viver sem trabalhar, ter vida de turista. Se desfizeram de seus maiores bens, das suas terras, mas não realizaram seu grande sonho. Aos poucos foram vendo que a coisa não era bem assim, que não dava para ser como os ricos. Vieram os sofrimentos que resultaram em vícios.
"Legal é beber", dizem alguns. "Um grande barato é curtir uma erva", afirmam outros. "Agora, o máximo é cheirar e ficar doidão", repetem tantos miseráveis no meu cotidiano. Por isso, acho que posso publicar a seguinte contribuição de Eckhart Tolle, em seu livro O poder do Agora: "Todo vício surge de uma recusa inconsciente de encararmos nossos próprios sofrimentos. Todo vício começa no sofrimento e termina nele. Qualquer que seja o vício - álcool, comida, drogas legais ou ilegais, ou mesmo uma pessoa -, ele é um meio que usamos para encobrir o sofrimento. Essa é a razão porque, passada a euforia inicial, existe tanta infelicidade, tanto sofrimento nos relacionamentos íntimos. Eles não causam o sofrimento e a infelicidade. Eles trazem à superfície o sofrimento e a infelicidade que já estão dentro de nós. Todo vício faz isso. Todo vício chega a um ponto em que já não funciona mais para nós e, então, sentimos o sofrimento mais forte do que nunca".
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