Flor do quintal (Arquivo JRS) |
O
saudoso Gusto, natural da Praia da Santa Rita, nos marcou bastante no tempo da
infância porque sempre tinha um simples comentário ao ver as nossas reinações.
“Não deixem essa garuzada na lata por
muito tempo senão eles morrem por falta de ar”; “Vocês precisavam mesmo tirar os umbigos dos cachos para fazer
barquinhos?”; “Peguem essas mandiocas, toda essa miuçalha, que vou mostrar a
vocês como se faz vaquinhas”. Algumas
vezes ele, com um cigarro na boca, apenas olhava o que fazíamos, como se
admirasse as nossas brincadeiras, as nossas “artes”.
A
saudosa Dona Antônia, natural de Minas Gerais, já era a sua companheira quando
eu conheci o Gusto. Ela também era muito
compreensiva com aquela criançada que se tecia pela vizinhança. Só esbravejava
quando alguém ficava assobiando para eles em sinal de provocação. Xingava
mesmo!
Os mais
velhos do lugar diziam que a primeira esposa do nosso personagem era muito
especial. O nome dela: Maria Paula. Contavam que, após o casamento, depois de
alguns meses, se dizendo estar grávida, foram a uma função (baile) na casa da
Maria Sodré, na Enseada. Ao passar na barra (rio), ela estacou, parou de
repente. Então o Gusto, que estava conforme o costume caiçara andando na
frente, chamou: “Venha logo, mulher. O
xiba já começou. E quem não dança o xiba, também não dança a miuçalha. E
por que você tá aí parada no meio da barra?”. É aqui que entra a famosa fala
dela: “Eu escutei um tchibum na água.
Acredito que foi a minha criança que caiu. O dó!”. Pode isso? De acordo com
as conversas dos mais antigos, o Gusto logo enviuvou em decorrência dessa gravidez complicada da dona Maria Paula.
Do
Gusto também é a nossa conhecida “rima”:
A lua nasceu bonita
E redonda igual um tamanco;
Olhei
pra cama
A
Maria Paula tava com a perna pra fora.
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