Vovó Martinha (Arquivo JRS) |
No livro Navegando, o saudoso Rubem Alves pergunta (e esclarece!):
“Você já ouviu falar em sopa de
coentro? É sopa de portugueses pobres, deliciosa, com muito azeite e pão
torrado. A sopa desce quente e, chegando no estômago, confirma”.
Ah! Fiquei imaginando essa
iguaria lusitana! No mesmo instante me recordei de uma sopa que, de vez em
quando, a Vovó Martinha preparava. Era assim:
Numa panela com água ela punha
alho, cebola, coentro do mato, hortelã-gorda, tomatinho de peixe e sal. Se usava
outros ingredientes, agora não me vêm à memória. Só sei que aquele caldo fervia por pouco
tempo, mas espalhava cheiro pela vizinhança. Então ela destampava a vasilha,
quebrava três ou quatro ovos e mexia bem rapidamente. Em seguida apagava o fogo
e dizia:
“Tá pronto. Agora é só pegar o
prato e se servir. Na cuia tem beiju pra molhar no cardo. Quem quiser escardado,
despeje logo farinha no prato antes que esfrie. Pra quem gosta também tem pimenta”. Era simples assim. Desse
modo se atravessava a vida. Faz-me lembrar de outro escritor, do Guimarães Rosa
que escreveu que “a coisa não está nem na partida e nem na chegada, mas na
travessia”.
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