Eugênio Inocêncio era negro dos olhos
verdes. Viveu quase toda a vida nas ilhas. Era um caiçara-ilhéu.
A
partir daquela exclamação (“Como eu gostava daqueles grandalhões
esbranquiçados!”), no jundu da Praia do Perequê-mirim, continuou o saudoso primo
Eugênio:
“Foi
com um daqueles peixes-luas que aconteceu o fato que até hoje mais me
impressionou. Era na metade da tarde, já perto do serão, quando eu jogava uma
linhada na Pedra da Moreia. Três ou quatro salemas já estavam no balaio, mas eu
insistia com isca de bonito moído na esperança de uma garoupa para a janta. Esperando
bem paciente, notei que boiava um peixe grande. Vinha do fundão. Era peixe-lua.
Parecia desassossegado, fora do normal. De repente vem mais coisa dos lugares
remotos, das profundezas: eram lulas gigantes. Nem deu tempo de contar quantas
eram porque num instante a água empretejou pela tinta que soltavam.
Não
sei dizer quando media ou pesava cada uma daquelas lulas, mas eram medonhas e
estavam ali com a intenção de dar um fim no peixe-lua. Ele se desesperou em
vão, pois eram muitos tentáculos que o abraçavam. Num instante o coitado parecia
uma grande bola de fio grosso. E assim foi puxado para o fundo, naquela água
enturvada. Eu só consegui fazer uma
coisa: rezar para nunca mais ver coisa assim. Quando contei em casa, o meu pai apenas disse
que não era a primeira vez que isso acontecia por ali. É, Zezinho, o mar manso
é só ilusão. Cruz-credo!”.
Agora,
eu aqui no jundu da Praia da Cocanha... O Eugênio é parte de um antigo instante. E o mar bravio? Está reboante!
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