segunda-feira, 4 de março de 2013

AS HISTÓRIAS


 
Olá, Júlio! Feliz aniversário!


         Eu leio regularmente trabalhos científicos, sobretudo de História, onde os historiadores acadêmicos demonstram, via pesquisa, que existem muitas histórias de uma mesma história. Exemplo: 1- A princesa Isabel é a redentora porque libertou os negros; 2- A princesa Isabel não resistiu as pressões sobre a monarquia brasileira; 3- A princesa Isabel era abolicionista; 4- A princesa Isabel foi uma santa. Resumindo: as pessoas têm um leque imenso de possibilidades de aprender a História. Afinal, todas são histórias. 

           A minha preferência é pela memória coletiva ou de história pública; aquela que pertence ao senso comum. São as versões/interpretações populares que tanto me encantam pela capacidade imaginativa!

          Vejamos o caso do saudoso Sebastião, o “Velho Rita”, da região do Acaraú, ao narrar as “obras da ferrovia” em Ubatuba, ao final do período imperial, já na passagem para o republicanismo, enfatizava que “os sacrifícios dos cortadores de pedra no trecho entre a Barra do Acaraú e a Fazenda do Barroso, onde foi feito o cais, teve muito de medonho. Era gente que sofria de dia e de noite porque não estava acostumada com a mosquitada da vargem, com os maruís. Um deles, caipira de Catuçaba, até trouxe a família para cá. Depois que a obra parou, um monte de gente ficou por aqui mesmo, se acostumaram em viver perto do mar. Mas voltando ao Dito, de Catuçaba, o desespero com os mosquitos era tanto que não aguentou e pediu as contas. Foi um dos poucos que voltaram os seus lugares de origem. Dele contava o meu pai: 'O homem se desesperou porque nem podia se encontrar com a mulher à noite. Dizia que era ter a bunda de fora, mesmo que ligeiro, para os malditos bichos acabar com a paz e tirar qualquer prazer’. Então não foi grande o sofrimento desses trabalhadores?”.

          Essa versão de sacrifício eu nunca tinha imaginado. Só mesmo o seo Sebastião! Também creio que um historiador acadêmico nem se interesse por tal atalho histórico. Assim... indo-se os velhos tão acostumados aos momentos de prosas, fica o quê?

         A minha homenagem hoje vai para o Júlio Mendes, o meu amigo desde o início do ginásio na escola Deolindo. Ele é alguém também muito interessado nas coisas do nosso povo, sobretudo daquelas que foram desprezadas pela história oficial. Com as suas pitadas de humor caiçara, tantas coisas “insignificantes” nos encantam em formas de textos, teatros e músicas.

          Feliz aniversário, meu amigo! Muita paz e saúde para você e aqueles que estão ao seu redor! Um abraço!

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