segunda-feira, 25 de março de 2013

A VIDA NA FAZENDA VELHA



Umberto Chiéus continua na batalha.  (Arquivo JRS)
“A vida aqui na fazenda era muito boa. Tinha bastante trabalho, mas também dava tempo de sair para umas caçadas. Aos domingos, nessa época de abril a junho, sempre foi tempo de passarinhar, de ir em busca de paca, tatu, cotia e outros bichos para a nossa alimentação. Segunda-feira, na minha casa, o almoço quase sempre tinha uma saborosa passarinhada ou carne de caça preparada pela minha mãe. Depois desse tempo, quando terminava junho, a gente pendurava a espingarda na parede porque é quando todo bicho está criando, desde os passarinhos até as grandes antas.  Todo mundo respeitava esse tempo.
      À praia a gente ía de vez em quando. Lógico que a preferida daquele tempo era a do Perequê-açu, perto do Rancho do Galo!”. 
Assim continuei por algumas horas papeando com o Umberto Chiéus, o “Nenê”. Como é bom escutar as suas histórias!
O “Nenê” tem muito assunto; de tudo ele fala um pouco. Outro tema que o deixou muito emocionado foi das paradas que os caiçaras faziam na fazenda antes de se dirigirem à cidade: “Ali, no terreiro da casa da entrada, tinha uma pedra redonda e achatada. Bem ali passava a trilha por onde todo mundo, dos bairros e praias mais distantes, passavam ao irem resolver seus negócios na cidade. Também havia muita movimentação em tempo de festas. A parada era obrigatória. Tomavam uma pinguinha, comiam alguma coisa do que traziam. Agradeciam muito, novamente tomavam suas cargas e lá se iam. Todo mundo era muito pobre naquele tempo. A gente conhecia todo mundo dessas bandas mais distantes: Fortaleza, Caçandoca, Lagoinha, Bonete...”.

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