Umberto Chiéus continua na batalha. (Arquivo JRS) |
“A vida aqui na fazenda era muito boa. Tinha bastante trabalho, mas também dava tempo de sair para umas caçadas. Aos domingos, nessa época de abril a junho, sempre foi tempo de passarinhar, de ir em busca de paca, tatu, cotia e outros bichos para a nossa alimentação. Segunda-feira, na minha casa, o almoço quase sempre tinha uma saborosa passarinhada ou carne de caça preparada pela minha mãe. Depois desse tempo, quando terminava junho, a gente pendurava a espingarda na parede porque é quando todo bicho está criando, desde os passarinhos até as grandes antas. Todo mundo respeitava esse tempo.
À praia a gente ía de vez em quando. Lógico que a preferida daquele tempo era a do Perequê-açu, perto do Rancho do Galo!”.
Assim continuei por algumas horas papeando com o Umberto Chiéus, o “Nenê”. Como é bom escutar as suas histórias!
O “Nenê” tem muito assunto; de tudo ele fala um pouco. Outro tema que o deixou muito emocionado foi das paradas que os caiçaras faziam na fazenda antes de se dirigirem à cidade: “Ali, no terreiro da casa da entrada, tinha uma pedra redonda e achatada. Bem ali passava a trilha por onde todo mundo, dos bairros e praias mais distantes, passavam ao irem resolver seus negócios na cidade. Também havia muita movimentação em tempo de festas. A parada era obrigatória. Tomavam uma pinguinha, comiam alguma coisa do que traziam. Agradeciam muito, novamente tomavam suas cargas e lá se iam. Todo mundo era muito pobre naquele tempo. A gente conhecia todo mundo dessas bandas mais distantes: Fortaleza, Caçandoca, Lagoinha, Bonete...”.
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