Esse causo aconteceu há algumas décadas, quando a eletricidade ainda era desconhecida em quase todas as praias de Ubatuba. O que salvava a situação eram as lamparinas de querosene, mas que empretejava desde o nariz até o fundo da alma. Os vaga-lumes também davam uma ajuda sempre. Outro recurso eram os fifós feitos de bambu e trapos embebidos em massa de nogas.
Oliveira, meu parente longevo, morava na praia da Fortaleza. Dormia embalado pelo barulho do mar porque a sua casa estava localizada na linha do jundu; quer dizer, pertinho do mar, de onde a visão de toda a baía da Fortaleza, era privilegiada. Ele era roceiro-pescador, casado com a Filomena.
Esse caiçara levava uma vida normal, mas eis que numa noite apareceu em volta da sua casa uma misteriosa luz. Ela saía sempre ao anoitecer da Costeira do Recife, onde tinha o coqueiral do Hamilton Prado, e se aproximava seguidamente, noite após noite, da casa do Oliveira. O coitado, juntamente com a família, observava aquilo todo arrepiado e assustado. Fazer o quê? No início se punham a orar, mas parecia pouco adiantar: nada afastava a luz e muito menos a explicava. A referida luz era como se fosse uma bola amarela, brilhante, do tamanho de uma bola de futebol. Ela se movimentava flutuando mais ou menos na altura de um metro acima da água ou da terra, parecendo ter vontade própria: para onde quer que o Oliveira fosse ela o acompanhava e cercava o seu caminho. Parecia exigir que o homem não saísse de casa após o serão. Muitas vezes colocava-se na porta como se vigiasse a passagem.
Outras pessoas podiam ver aquela luz, mas somente o Oliveira era o perseguido por ela. Se tentava livrar-se, era atacado. Apanhava mesmo! Era uma surra de dar dó! Certa vez a filha tentou espantar a luz ao vê-la se jogando contra o pai; foi também atacada. Isso durou meses e acabou sem explicação nenhuma. Ou seja, do jeito que veio se foi.
Questão: o que era a Luz do Oliveira?
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