Intervenção de Hilário, o filho:
A festa era muito animada. Não desfazendo o que o pessoal faz agora. Porque a parte religiosa é que manda, a tradição, né? Mas antigamente, nos tempos passados, eu, com a minha idade, o que eu alcancei era muito animado, porque existia, inclusive, um comércio que vinha de Taubaté, do Vale do Paraiba. O pessoal formava aquelas barracas e vendia as coisas tudo pro pessoal da cidade. Tinha banda de música. O pessoal trazia as coisas assim, bonita mesmo! Eu não quero desfazer, porque muita gente faz pra vê as dificuldade. Ou cresce demais e tira um pouco do brilho das coisa que tinha antigamente, porque o pessoal da cidade, da roça, eles eram muito influenciados na festa. Então vinha a massa, todo mundo. Hoje, inclusive, tem muita gente que não pode vir com a dificuldade da vida. Embora também deixar a sua residência...porque com o fato que ocorre agora com essas violências, uma coisa ou outra, invasão de casa e outra coisa. Tudo isso mete medo. Antigamente, tá certo que era poucas pessoas: a cidade e os bairros, tudo. O crescimento não era tão como agora, mas o pessoal tinha uma liberdade para sair e não tinha medo de deixar nada em casa, entende? Mas era bonito porque eu mesmo alcancei essa gente que eu falei pra você. O pessoal, tá certo, fazia o comerciozinho dele, mas era bonito porque ali, onde é agora a parte que faz a festa do Divino, que coloca aquele palanque, tudo ali do lado era barraca de fora a fora. Era bonito ver aquilo ali. E trazia, sabe?, um movimento grande para a cidade. Porque hoje, com todo o movimento que tá tendo, com o desenvolvimento, com toda essa coisa que tá acontecendo porque a cidade tá se desenvolvendo, eu pelo menos tô sentindo que não temos turistas na cidade. E há dez, quinze anos passados, enquanto aquele calçadão que agora é calçado e tudo, é preparado, bonito, não era nada como era no passado que era tudo de barro, assim simples, mas o povo do Vale do Paraiba, de São Paulo e de tudo quanto era lado se interessava mais pela cidade, pela simplicidade que a cidade tinha. Agora eles se afastaram. Eu já falei isso, inclusive com certas pessoas que são políticos da cidade. Eu não sei porque aconteceu isso: dos turistas, daquele povo que sempre frequentava a nossa cidade sair dessa...sumir de uma hora para outra. O que se vê são “uns gatos pingados”. “Ah! Espera a temporada forte que vem muita gente!”. Não é como antes. Antigamente não existia temporada. Era o tempo todo, feriado –tudo! – tava a cidade cheia. Até eu tive conversando com o Josué, ali na pensão, no Casarão, ali onde era a antiga Pensão do Maestro, tive conversando com o Josué. Eu disse: “Olha...” Aí, inclusive tava o Luisinho Bishof, que é...não sei se o secretário de turismo. Ele tava conversando com o Josué. Aí eu cheguei e pedi licença, e, como sabia que tava rolando uma conversa sobre turismo, aí eu disse: “Olha, eu tenho uma coisa, se vocês me dão licença, tenho uma coisa pra dizer pra vocês: vocês são pessoas assim, conhecidas da cidade, mas não têm o conhecimento que eu tenho. Eu posso perguntar pra vocês o seguinte: eu não sei o que está acontecendo que o turista em si saiu da cidade. Não sei o quê. Se tá faltando alguma atração turística, uma continuação de um trabalho mais efetivo para que cative o turista na cidade. Ou alguma coisa está tirando ele da cidade, ou ele está se sentindo assim...açoitado em algum motivo, alguma coisa que tá levando a espantar o nosso turista”.
Algumas lembranças dos primeiros turistas
M.H.: Eu me lembro de alguns turistas no tempo do Hotel Felipe. Trabalhei no hotel. Arguns ficava dez, doze dias; outros ficava uma semana. Outros ficava menos. Outros chegava, pelo menos os viajante que vinham vendê aqui em Ubatuba, eles vinham num dia, no outro já iam embora, né? Iam de barco. Aproveitavam a oportunidade de controlar o dia deles saírem e [pegavam o navio e iam embora. Vinha de tudo [mercadoria] né? Era carne seca, era o feijão, era o milho, era a batata, era o arroz. Tudo vinha. Deixavam em Santos. Em Santos o navio pegava e trazia pra cá, né? E do Rio de Janeiro também vinha mercadoria. Vinha material de pesca, vinha tudo.
Em relação à pergunta sobre os franceses que se hospedavam no hotel, do avião que caiu, o seo Mané Hilário confundiu com outro acidente aéreo, quando um avião caiu no mar, junto à praia do Cruzeiro.
Levou uns quatro ou cinco meses; o avião aí, pra depois levarem ele embora. Quem assubiu no avião foi um brasileiro, que levou o avião, que avoou no avião. Não tinha o campo como é agora, né? O campo era até sobre ali o rancho só. Era da praia, na praia. Depois que fizeram o daqui. [Disse ter conhecido o Jean-Pierre Patural]: ele vinha aqui em Ubatuba num aviãozinho; tava aqui quatro, cinco ou seis dias. Tava no Hotel Felipe, ficava numa outra casa aqui no Itaguá... Quando chegou um dia que caiu daqui, foi embora, quando chegou ali em meia serra, lá, não sei o que houve lá com o avião que ele caiu lá.
Outra confusão de avião. Piloto amigo de Cunha.
O Cunha pegava peixe aqui e levava pra Taubaté, São Luiz, não sei pra onde.
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