Delicadeza em grande oferta - Arquivo JRS |
Gratidão, Dona Benedita! - Arquivo JRS |
Era dia dos Santos Reis. Eu estava mexendo nas ferramentas, tentando dar uma certa ordem nas coisas. De repente ouço alguém batendo palmas. Era uma senhora me pedindo uma muda de orquídea que ela avistou por cima do muro. “Lógico que sim!”. E fui rapidamente buscar a espécie que lhe chamou a atenção. Escolhi várias mudas, das mais bonitas. Ela ficou muito feliz. Disse que chegou há poucos dias no bairro, veio de Guaratinguetá, no Vale do Paraíba. “O meu nome é Benedita; adoro a natureza, as flores. Avistei as plantas do senhor e fiquei encantada. Eu trouxe um monte das minhas plantinhas, mas deixei a maioria porque não cabia tudo no caminhão. Muito obrigada pelas mudas! Quando quiser, pode ir me visitar, ver as plantas. Estou morando ao lado da casa da Clemência, logo ali. Muito obrigada mesmo!”. Entrei em casa para tomar água e comentei com a esposa. Afinal, Guaratinguetá é a terra natal dela, da minha querida companheira. Não demorou muito, enquanto tomava um cafezinho, lhe fazia companhia, ouvimos outras palmas no portão. Fui ver quem era. “Aqui, seo Zé, uma muda de orquídea que eu trouxe na mudança. É para o senhor. É de coração”. “Nossa! Não precisava! Outro dia a senhora passa com mais tempo para ver o que eu tenho, escolhe outras plantas”.
Agora, bem cedo, parei para admirar aquela plantinha, presente da Dona Benedita. Pelo que parece, há muito tempo está ocupando um desgastado baldinho. São flores lindas que eu ainda não tinha visto. Depois de acabar a florada, darei um trato, deixarei mais arejada suas raízes e farei novas mudas. Vou até pedir orientação para a prima Claudinha Félix, uma especialista caiçara em orquídeas. (Caso goste dessas lindezas, necessite de informações e orientações com a mesma, eu recomendo os seus talentos, a sua capacidade e sensibilidade: trabalha nos Correios, mora na praia do Sapé, tem uma linda criança chamada Gael e é filha do tio Dito Félix e da tia Balbina. Quando o assunto são as orquídeas, não conheço outra pessoa igual).
Resumindo: Dona Benedita fez, dentre muitas outras pessoas, a atualização do gesto dos Santos Reis. Aqui em casa só tem o Menino-Jesus do presépio. Não recebi ouro, incenso e mirra, mas as flores nos galhos delicados da orquídea a mim ofertada nesse dia celebrado por tanta gente têm o mesmo valor. Gratidão, Dona Benedita! Bem-vinda ao bairro!
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