O mano Mingo, ao homenagear o poeta Manoel de Barros (1916-2014), natural do Estado de Mato Grosso, justifica a eternidade deste que, em versos regionais, faz constantemente considerações existenciais. Ainda me lembro bem da primeira vez que li uma poesia do Manoel de Barros. Na hora pensei: "Deve ser alguém que passa a maior parte do tempo no mato e tem uma sensibilidade muito próxima da minha". Acho que não errei muito na primeira impressão.
Poemas concebidos sem Pecado
Face imóvel
Compêndio para uso dos
pássaros
Gramática expositiva do
chão
Arranjos para assobio
Livro de pré-coisas
O guardador das águas
Concerto a céu aberto
para solos de aves
O livro das ignorãças
Livro sobre nada
Retrato do artista quando
coisa
Exercícios de ser criança
Encantador de palavras
O fazedor de amanhecer
Tratado geral das
grandezas do ínfimo
Para encontrar o azul eu
uso pássaros
Cantigas para um
passarinho à toa
Poemas Rupestres
Memórias inventadas
Menino do Mato
Escritos em verbal de ave
Portas de Pedro Viana.
Portas de Pedro Viana e
ponto final?
Que nada, quem alcançou
esse grau de sensibilidade
tem por merecimento a eternidade.
(Fonte: barbatuba.blogspot.com)
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