Lhe digo uma coisa, Joban: essa caiçarada gosta de história e de causos! |
Quanta honra poder publicar um causo do JOBAN, caiçara da praia da Enseada!
Antigamente, há muitos
anos atrás, antes da construção da BR-101, popularmente conhecida como Rodovia
Rio-Santos, rodovia que liga Santos ao Rio de Janeiro pelo litoral, era muito
difícil visitar as praias ao lado norte do município. O acesso a essas praias
era através de uma trilha passando por montanhas e praias, muitas vezes íngreme
e levava-se quase um dia todo para ir a uma dessas praias, e por isso
normalmente ia-se a cavalo para adiantar a jornada. Jacundino, morador do
bairro do Itaguá onde tinha uma vendinha, resolveu visitar seu compadre
Jacozinho casado com Dona Dinda, moradores da praia do Prumirim e levar a ele
uma resma de fumo e palha de milho para seu cigarrinho habitual que ele gostava
de pitar no fim de tarde para espantar os mosquitos, também usar o fumo para
umas mezinhas. Na manhã seguinte levantou com o raiar do dia porque a jornada
seria longa e cansativa, tomou seu café, selou o cavalo emprestado do seu
vizinho Zé do Pinho, pensou se devia levar uma matula porque na última visita
que fez o compadre não ofereceu nem um café, dizendo que já tinha almoçado e a
comadre estava cansada da lida na roça não podia ir para o fogão preparar um de
comer, na verdade o compadre era um pão duro, sovina, todos diziam isso, pensou
em cortar um pouco de salame e por no pão amanhecido que sobrou da vendinha,
mas depois decidiu, afinal ele ia levar fumo e palha, talvez o compadre se
condoesse dele e oferecesse alguma coisa, então desistiu. Montou no cavalo e
iniciou sua jornada rumo ao Prumirim. Depois de enfrentar muito sol nas costas
e amassar muito mato chegou à casa do compadre, era perto do meio dia, o sol
estava quase a pino. Chamou o compadre:
– Cumpadre Jacozinho! Ó de casa!!!
Nesse momento surgiu seu compadre Jacozinho com a enxada suja de barro às costas parecendo que vinha da roça e disse:
– Se apeie desse cavalo cumpadre e vamos entrando pra gente proseá um pouco.
Jacundino desceu do cavalo, deu ao compadre o fumo e palha que trouxe esperando o convite do mesmo para almoçar. Entraram na casa e ele perguntou pela comadre.
– Cadê a cumadre Dinda, cumpadre, tá na roça?
– Tá não, tá na cama doente, com constipação.
Pelo visto com a comadre doente, posso dar adeus ao almoço, pensou Jacundino.
– Cumpadre Jacozinho vou-te contá as novidades lá da cidade, muita confusão na política você nem imagina o balaio de gato que tá acontecendo lá.
– É mesmo, cumpadre? Me conta, tô morrendo de curiosidade.
– Conto sim, se for regado com um bom cafezinho de cana fica melhor.
– Me adiscurpe cumpadre Jacundinho, mas a garapa acabou hoje de manhãzinha, e o café precisa torrá os grãos e adispois moê, e com a Dinda de cama não dá pra fazer um café de cana, mas se quisé água da bica tem ali na moringa é só pegá.
Jacundino viu que não conseguiria nada do compadre, essa doença da Dona Dinda talvez fosse mais uma desculpa, esqueceu-se da fome e começou a prosear, contando os fatos verídicos e inventando outros. A conversa estava tão animada que eles nem perceberam que a tarde entrou noite adentro. Só perceberam quando viram o pisca-pisca dos vagalumes pela moldura da janela aberta em contraste com o céu começando a estrelar.
– Preciso ir mi já, anoiteceu cumpadre Jacozinho, vou pegar o cavalo e vou mimbora.
– Vai não cumpadre Jacundino, viaja a noite a cavalo nessa trilha é arriscado demais, pode o cavalo quebra a pata, vosmicê cair em argum barranco. É melhor vancê dormi por aqui e ir amanhã cedinho. Pode deitá nessa esteira de taboa, mas lava o rosto e os pés, para não sujá e estraga a esteira.
– Tá bom cumpadre Jacozinho – e vendo que não seria servido nada e a fome estava demais, seu estomago roncava mais que garoupa presa em anzol e entocada na pedra, viu na lavagem dos pés uma dica para pedir um de comer – mas posso lhe aperguntá uma coisa?
– Apergunte homem, diga lá o que é?
– Será cumpadre Jacozinho que não faz mal lavá os pés com a barriga vazia?
– Faz não cumpadre –fingindo não ter entendido a indireta – faz mal lavar com a barriga cheia.
Lá do quarto a comadre Dinda, vendo que o compadre iria dormir na pura esteira aconselhou.
– Sinhô Jacozinho, meu marido, arranja um cobertô pro cumpadre não passá frio.
– Cumadre Dinda – prontamente respondeu o Jacundino no desespero da fome – não precisa se incomodá, tendo arroz com farinha já tá bom pra mata a fome.
– Cumpadre Jacozinho! Ó de casa!!!
Nesse momento surgiu seu compadre Jacozinho com a enxada suja de barro às costas parecendo que vinha da roça e disse:
– Se apeie desse cavalo cumpadre e vamos entrando pra gente proseá um pouco.
Jacundino desceu do cavalo, deu ao compadre o fumo e palha que trouxe esperando o convite do mesmo para almoçar. Entraram na casa e ele perguntou pela comadre.
– Cadê a cumadre Dinda, cumpadre, tá na roça?
– Tá não, tá na cama doente, com constipação.
Pelo visto com a comadre doente, posso dar adeus ao almoço, pensou Jacundino.
– Cumpadre Jacozinho vou-te contá as novidades lá da cidade, muita confusão na política você nem imagina o balaio de gato que tá acontecendo lá.
– É mesmo, cumpadre? Me conta, tô morrendo de curiosidade.
– Conto sim, se for regado com um bom cafezinho de cana fica melhor.
– Me adiscurpe cumpadre Jacundinho, mas a garapa acabou hoje de manhãzinha, e o café precisa torrá os grãos e adispois moê, e com a Dinda de cama não dá pra fazer um café de cana, mas se quisé água da bica tem ali na moringa é só pegá.
Jacundino viu que não conseguiria nada do compadre, essa doença da Dona Dinda talvez fosse mais uma desculpa, esqueceu-se da fome e começou a prosear, contando os fatos verídicos e inventando outros. A conversa estava tão animada que eles nem perceberam que a tarde entrou noite adentro. Só perceberam quando viram o pisca-pisca dos vagalumes pela moldura da janela aberta em contraste com o céu começando a estrelar.
– Preciso ir mi já, anoiteceu cumpadre Jacozinho, vou pegar o cavalo e vou mimbora.
– Vai não cumpadre Jacundino, viaja a noite a cavalo nessa trilha é arriscado demais, pode o cavalo quebra a pata, vosmicê cair em argum barranco. É melhor vancê dormi por aqui e ir amanhã cedinho. Pode deitá nessa esteira de taboa, mas lava o rosto e os pés, para não sujá e estraga a esteira.
– Tá bom cumpadre Jacozinho – e vendo que não seria servido nada e a fome estava demais, seu estomago roncava mais que garoupa presa em anzol e entocada na pedra, viu na lavagem dos pés uma dica para pedir um de comer – mas posso lhe aperguntá uma coisa?
– Apergunte homem, diga lá o que é?
– Será cumpadre Jacozinho que não faz mal lavá os pés com a barriga vazia?
– Faz não cumpadre –fingindo não ter entendido a indireta – faz mal lavar com a barriga cheia.
Lá do quarto a comadre Dinda, vendo que o compadre iria dormir na pura esteira aconselhou.
– Sinhô Jacozinho, meu marido, arranja um cobertô pro cumpadre não passá frio.
– Cumadre Dinda – prontamente respondeu o Jacundino no desespero da fome – não precisa se incomodá, tendo arroz com farinha já tá bom pra mata a fome.
Sou filha do falecido Jacundino que tinha uma vendinha no Itágua, sou a caçula entre 4 irmãos e não sabia que meu pai andava a cavalo, sei que remava na canoa, séria esse Jacundino meu pai?
ResponderExcluirNão, Todos os nomes e história são fictício, qualquer concidencia é mera semelhança
ExcluirSou esposa do Luis Carlos Frade, filha do Jacundino.
ResponderExcluiro também conhecido Pixoxxó
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