sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O CADERNO DE HAMAKO (II)

Dona Helena e suas plantas (Arquivo Harumi)

                Creio que é inevitável: quando a palavra é lançada ela ganha autonomia, vai buscando outras combinações e gerando outras pontes de histórias. No texto anterior muitos comentários apareceram e outros ainda estão por vir.  Por exemplo, soube que a Dona Maria Helena (Hamako) começou a escrever por volta de 2004, por estímulo do Thomas, seu genro.

                Thomas De Carle Gottheiner era meu conhecido desde o começo da década de 1970. Foi quando ele adquiriu uma propriedade na praia da Fortaleza, bem perto do tio Maneco Armiro, o tocador de rabeca. Sempre se deu muito bem com a caiçarada, participando dos nossos eventos e momentos. Depois, já no final dessa década, nos reencontramos no restaurante e pizzaria Perequim, na parceria inicial com Mike e Gustavo, na praia do Perequê-mirim. Mais tarde buscou uma participação política, pois tinha uma preocupação constante com os rumos da nossa Ubatuba. E aí se uniu à nossa amiga Mirtes (Harumi Honda) e foram felizes. Ele – Thomas – foi um ótimo ouvinte das prosas da Dona Helena, percebeu que seus relatos mereciam um registro e fez de tudo para que ela mesma fosse a autora dessa proeza. Assim podemos acompanhar no Caderno de Hamako:

Na praia

                Eu e meu irmão Yassuo pegávamos pitus na praia, no capim da margem [do rio]. É debaixo dele que o pitu fica escondido. A gente passava a peneira debaixo do capim e pegava muito, mas só levava para casa os grandes. Os pequenos a gente soltava. Essa praia era muito bonita.

                Para pegar a manjuba precisava de quatro pessoas: duas seguiam na canoa (uma para remar e outra para jogar a rede), duas ficavam na praia e iam soltando a corda. Quando chegava bem perto do final da praia, a gente começava a puxar a corda. Nessa hora, as pessoas da canoa também já estavam puxando do outro lado. Duas pessoas puxam o lado do chumbo e duas pessoas puxam o lado da boia para chegar junto no saco que tem as manjubas. Sempre eu ia junto para jogar a rede. Eu gostava muito.

3 comentários:

  1. Parabéns Zé, agora e sempre!! Lembro-me de Thomas e seus amigos nas cantorias do Divino. Boas e saudosas lembranças!!

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  2. Aí a saudade já é dupla... Maman e Thomas... que falar, dois amores... tanto da minha vida, como de pessoas que foram.

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  3. Muito boas as histórias de dona Hamako. Continue a contá-las. Parabéns!

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