Cruzeiro de Anchieta (Arquivo Ubatuba Antiga) |
O turismo exige formação em todos
os sentidos (estudar, pesquisar, visitar lugares, conversar com pessoas...). Ter um turismo de boa qualidade, atender bem aos visitantes e se
realizar nisto não são tarefas fáceis. Fácil é sujar tudo, ocupar áreas impróprias, dificultar acesso aos patrimônios públicos etc. A Sociologia do Turismo é um
sustentáculo imprescindível para ser
eficiente na dinâmica que gira na relação cotidiano/anticotidiano. Começar entendendo
a história é um ótimo começo. Eu, nas minhas limitações, sempre estou querendo
contribuir com alguma coisa nessa direção. Torço para estar ajudando alguém. Perdoem-me
os historiadores pela minha ousadia numa seara que não é minha. Estando para comemorar cinco anos de blog, vou preparando outros textos nessa direção.
Eu costumo partir de um roteiro
básico, lembrando que em 1500, por ocasião da chegada dos portugueses por estas
bandas, neste território circulavam, entre diversas tabas desde a Baía da
Guanabara, os índios do grupo Tupinambá.
Os tupinambás foram descritos em seus costumes e suas tradições por diversos
viajantes e aventureiros europeus, dentre eles o alemão Hans Staden. Desses indígenas nós sabemos bastante coisa. Mas...
antes deles, este território (Ubatuba) já esteve ocupado por volta de 1200 anos
antes. É o que mostra as escavações arqueológicas nas ilhas (Vitória, Mar Virado...) e no Sitio do Tenório. Outros lugares e outros
vestígios ainda continuam obscuros.
Parando no Cruzeiro, na Praia de Iperoig (ou do Cruzeiro, no centro da
cidade), é possível abordar a saga dos tupinambás. Sob a liderança de corajosos
caciques da região, a nossa terra foi palco da primeira resistência organizada
contra os europeus no continente americano: a Confederação dos Tamoios. Naquele lugar, bem junto ao marco que até
já sofreu tentativa de ser retirado por
fanatismo religioso, você pode explicar
a Paz de Iperoig. Foi ali que se firmou um acordo mediado pelos padres Anchieta e Nóbrega para por fim ao
conflito entre os tamoios (designação para quem já ocupava primeiro este
território) e os portugueses. Aos pés do Cruzeiro,
em 14 de setembro de 1563, data em que a Igreja Católica tem no calendário como
o dia da Exaltação da Santa Cruz, se estabeleceu a paz, ou melhor, as condições
para os portugueses se imporem aos donos da terra. A cada ano, bem ali, deveria
se rememorar tudo e dizer a verdade: “Aqui aconteceu a Traição de Iperoig”. Defendo que foi uma traição porque apenas os
tupinambás cumpriram a sua parte no acordo, o primeiro verificado na América,
no novo continente.
A Traição de Iperoig foi o
sustentáculo para a fundação da vila. Assim já escreveram:
“Sendo
a donatária da Capitania de São Vicente, a Condessa
de Vimieiro, Dona Mariana de Sousa Guerra, entre outros beneficiários, doou
vasta extensão de terras que compõem hoje o território do município de Ubatuba,
a Dona Maria Alves que, por sua vez,
doou o necessário a Jordão Homem da
Costa para que este fundasse a vila, no mesmo local onde existiu a aldeia
de Iperoig”.
Assim:
"Por provisão de 28 de outubro de 1637, do então governador geral do Rio de Janeiro, Salvador Corrêa de Sá e Benevides, a antiga aldeia de Iperoig foi elevada à categoria de vila sob o pomposo nome de Vila Nova da Exaltação da Santa Cruz do Salvador de Ubatuba".
Nesta minha contribuição você aproveita para questionar, entender ou explicar os nomes que orientam nossas ruas.
Me
darei por satisfeito se conseguirmos estabelecer uma Sociologia do Turismo
capaz de orientar um desenvolvimento sustentável, que preserve o meio ambiente
e a cultura local. Bom turismo!
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