Eu e Estevan defronte a Toca da Velha, na Ilha Comprida (Arquivo Helen) |
O acordo de paz (1563) ocorrido em terras ubatubanas, mediado pelos jesuítas, permitiu que por estas terras fossem chegando frequentadores europeus, sobretudo
portugueses. Desse modo foram se estabelecendo e trazendo mais gente. Não
demorou muito para se esparramarem ao longo da costa, fundando a vila (1637). E
vieram os dízimos cobrados pela religião (e os redízimos a serem enviados para a
Condessa de Vimieiro, herdeira de Martim Afonso de Sousa). Enfim, a terra dos
tupinambás agora rendia tributos para quem nunca pisaria nela.
Primeiramente os pobres lutavam para
se manterem vivos. Depois vieram as possibilidades de ganhar dinheiro com
produtos a serem destinados à área de mineração, ou seja, para as Minas Gerais.
Cachaça, farinha de mandioca e peixe seco eram as principais fontes de renda. Já
era a segunda metade do século XVIII e o porto de Ubatuba estava em plena
movimentação. Logo depois da boca da barra, na Prainha [do Padre], estava o
atracadouro.
A estrada oficial, depois que atravessava o Mato Dentro, partia da
Cachoeira dos Macacos em direção à Vargem Grande (Serra Acima), segundo Félix
Guisard, “traçado sobre um antigo
carreiro de antas”. Ainda está lá para quem queira conhecê-la! Antes da
famosa Guerra dos Emboabas, esse era o Caminho do Ouro, sendo depois realocado
para as localidades de Cunha e Paraty. A propósito, aquela via agora está
tinindo com um trecho em bloquetes. Vale a pena conferir!
Quando veio a ocorrer a primeira
decadência, em 1787, no território ubatubano estavam abrigados inúmeros
engenhos (de açúcar e cachaça), olarias e serrarias. “Em estaleiros próprios construíam-se embarcações necessárias ao
comércio de barra afora”. Por ordem do capitão general Bernardo José de
Lorena, presidente da Província de São Paulo, “todas as embarcações que zarpassem de seus portos eram obrigadas a se
dirigirem ao porto de Santos”. Esta é a base do desenvolvimento da Baixada Santista. Desse modo acabou o livre comércio,
principalmente com o Rio de Janeiro, onde os lucros eram compensadores.
Por volta de 1760 o município estava
avançando na produção de anil e de café. Caio Prado Júnior indica os primeiros
municípios dedicados ao cultivo do café: Ubatuba, Areias, Bananal e São Luiz do
Paraitinga. Vem outra onda de prosperidade para atrair investidores
(fazendeiros e comerciantes), exigindo um maior controle das vias, “cabendo a um Regimento Especial ao Real Serviço
do Caminho da Serra Acima, para fazer vedar o grande número de desertores
facínoras e escravos que ali comumente estão passando sem pagarem os direitos
de Sua Majestade”.
Interessante notar que estrangeiros
já se fixavam por aqui. Quem for passear na Ilha das Couves, partindo da
Picinguaba, primeiramente cruzará a Ilha Comprida. Atenção que esta informação
não se escuta dos condutores das lanchas, no percurso que dura quinze minutos:
“Na Ilha Comprida, no ano de 1785, há a seguinte ocorrência: o francês
Jean Baptiste Raton foi assassinado pela própria mulher. Era possuidor de ouro,
prata, escravos, terras e casas”. Entendeu, Benê? Que trabalho interessante podem mostrar algumas escavações na referida ilha!?! Por isso, conte isso aos turistas vindouros!
Em 1797, o tenente coronel Cândido
Xavier de Almeida estava no comando da vila de Ubatuba. O mesmo foi
presidente da Província de São Paulo entre 1822 e 1824. Na linguagem de
hoje: de prefeito a governador. Então não é importante a nossa Ubatuba desde aquele tempo?
Muito bom Zé! Como sempre!
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