quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

SOCIOLOGIA DO TURISMO (II)

Eu e Estevan  defronte a Toca da Velha, na Ilha Comprida (Arquivo Helen)

          O acordo de paz (1563) ocorrido em terras ubatubanas, mediado pelos jesuítas, permitiu que por estas terras fossem chegando frequentadores europeus, sobretudo portugueses. Desse modo foram se estabelecendo e trazendo mais gente. Não demorou muito para se esparramarem ao longo da costa, fundando a vila (1637). E vieram os dízimos cobrados pela religião (e os redízimos a serem enviados para a Condessa de Vimieiro, herdeira de Martim Afonso de Sousa). Enfim, a terra dos tupinambás agora rendia tributos para quem nunca pisaria nela.

          Primeiramente os pobres lutavam para se manterem vivos. Depois vieram as possibilidades de ganhar dinheiro com produtos a serem destinados à área de mineração, ou seja, para as Minas Gerais. Cachaça, farinha de mandioca e peixe seco eram as principais fontes de renda. Já era a segunda metade do século XVIII e o porto de Ubatuba estava em plena movimentação. Logo depois da boca da barra, na Prainha [do Padre], estava o atracadouro. 

          A estrada oficial, depois que atravessava o Mato Dentro, partia da Cachoeira dos Macacos em direção à Vargem Grande (Serra Acima), segundo Félix Guisard, “traçado sobre um antigo carreiro de antas”. Ainda está lá para quem queira conhecê-la! Antes da famosa Guerra dos Emboabas, esse era o Caminho do Ouro, sendo depois realocado para as localidades de Cunha e Paraty. A propósito, aquela via agora está tinindo com um trecho em bloquetes. Vale a pena conferir!

          Quando veio a ocorrer a primeira decadência, em 1787, no território ubatubano estavam abrigados inúmeros engenhos (de açúcar e cachaça), olarias e serrarias. “Em estaleiros próprios construíam-se embarcações necessárias ao comércio de barra afora”. Por ordem do capitão general Bernardo José de Lorena, presidente da Província de São Paulo, “todas as embarcações que zarpassem de seus portos eram obrigadas a se dirigirem ao porto de Santos”. Esta é a base do desenvolvimento da Baixada Santista. Desse modo acabou o livre comércio, principalmente com o Rio de Janeiro, onde os lucros eram compensadores.

          Por volta de 1760 o município estava avançando na produção de anil e de café. Caio Prado Júnior indica os primeiros municípios dedicados ao cultivo do café: Ubatuba, Areias, Bananal e São Luiz do Paraitinga. Vem outra onda de prosperidade para atrair investidores (fazendeiros e comerciantes), exigindo um maior controle das vias, “cabendo a um Regimento Especial ao Real Serviço do Caminho da Serra Acima, para fazer vedar o grande número de desertores facínoras e escravos que ali comumente estão passando sem pagarem os direitos de Sua Majestade”.

          Interessante notar que estrangeiros já se fixavam por aqui. Quem for passear na Ilha das Couves, partindo da Picinguaba, primeiramente cruzará a Ilha Comprida. Atenção que esta informação não se escuta dos condutores das lanchas, no percurso que dura quinze minutos:
          “Na Ilha Comprida, no ano de 1785, há a seguinte ocorrência: o francês Jean Baptiste Raton foi assassinado pela própria mulher. Era possuidor de ouro, prata, escravos, terras e casas”. Entendeu, Benê? Que trabalho interessante podem mostrar algumas escavações na referida ilha!?! Por isso, conte isso aos turistas vindouros!
          
         Em 1797, o tenente coronel Cândido Xavier de Almeida estava no comando da vila de Ubatuba. O mesmo foi presidente da Província de São Paulo entre 1822 e 1824. Na linguagem de hoje: de prefeito a governador. Então não é importante a nossa Ubatuba desde aquele tempo?

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