A Estrada da Serra do Mar (Oswaldo Cruz) - Arquivo Edson Silva |
Oportunidades boas passam pelas
nossas vidas constantemente, mas é preciso enxergá-las. Por estes dias me
deparei com um novo seguidor do meu blog. Na mesma hora acessei o BLOG DO
NASSIF. Que maravilha! Na entrevista com o Dr. Célio uma coisa me chamou a
atenção: em meados da década de 1950, este honrado cidadão do interior paulista
foi diretor da Estação Experimental do Horto Florestal, no pé da Serra do Mar,
em Ubatuba, onde semanalmente eu vou buscar água na Fonte da Amizade. Faço
questão de que meus leitores leiam essa matéria que, espero, terá outros
desdobramentos. Desde já agradeço ao Nassif pela oportunidade.
ENTREVISTADO: CELIO SOARES MOREIRA
O professor doutor Célio Soares
Moreira nasceu em Jaú, a 1º de março de 1930. É filho de Silvio Moreira e
Minica que tiveram os filhos: Iná, Célio, Sonia, Raul e Fábio.
Em que ano o senhor entrou na ESALQ?
Foi em 1950. Tenho o nome de todos
que se formaram na nossa turma, guardo comigo o convite de formatura. A única
mulher da turma era Olga Zardetto de Toledo. Tive aulas com grandes
professores: Prof. Felipe Westin Cabral
de Vasconcelos, Eduardo Augusto Salgado, genética tive aulas
com Friedrich Gustav Brieger, Walter Radamés
Accorsi, Edgard do Amaral Graner, Salim
Simão.
Em Piracicaba o
senhor morava em que lugar?
Você conheceu uma república chamada
“Mosteiro”? Éramos cinco moradores, fundamos a república e alugamos uma casa,
em frente onde mais tarde foi a Escola de Odontologia, ali havia um colégio de
freiras. Na Rua Alferes José Caetano. Na outra esquina tinha a casa do
Ex-Prefeito Luiz Dias Gonzaga, a república era no sentido bairro-centro, a
segunda casa.
Quem escolheu o
nome da república?
Foram as meninas internas do Colégio
São José. Na verdade elas caçoavam de nós. Colocamos cortinas nas
janelas, para podermos ter mais liberdade. O pessoal da ESALQ colocou o nome de
“Mosteiro”.
A diversão naquela época qual
era?
Eu não tinha dinheiro para diversão!
Fui equilibrar minha mesada quando mudamos para outra casa da republica,
descendo a Rua Alferes José Caetano, após a Rua Voluntários da Pátria.
Continuou com o nome “Mosteiro”. Nesse grupo de cinco estudantes, o único que
era pobre era eu. Arrumei um emprego, uma amiga de Campinas, disse-me:” –Se
você arranjar a sala, tenho como montar uma biblioteca”.
Como o senhor conheceu a sua
namorada?
Acho que foi em um baile, no
Cristóvão Colombo, na esquina da Rua Governador Pedro de Toledo com Rua São
José. O nome dela era Rosa Maria Fleury Moreira, conhecida como “Tuia”. Filha
de Aldrovando Fleury. Irmã de João Ribas Fleury. Casamos em São Paulo, tivemos
três filhos: Ângela, Eduardo, Arnaldo.
A Lua de Mel foi onde?
Foi em São Vicente, era a moda na
época. Fomos em um carro do meu pai, Chevrolet 1951, azul. Fui ser agrônomo,
chefe da Estação Experimental de Ubatuba. Era uma localidade ainda em
desenvolvimento, não tinha o movimento que existe hoje. Chegar até Ubatuba era
uma aventura, estrada de terra, tinha que ir até Taubaté, não havia a Rodovia
dos Tamoios. Quando assumi a Estação Experimental de Ubatuba não estava casado
ainda, me empreguei como Chefe do IAC em Ubatuba. O Instituto Agronômico
fornecia alguma condução para ir para lá, geralmente a pior condução. Era muito
comum ir de jipe, esse jipe era resto de guerra, americano, descia a serra, era
uma aventura, havia dois horários de ônibus, quem estava descendo ficava
preocupado por não ter cruzado ainda com o ônibus. Quando cruzasse não passava
os dois veículos. Tinha que ajeitar.
Não havia trânsito?
Havia trânsito de caminhão de banana!
Só que com o caminhão de banana era bem mais fácil de passar ao lado do jipe. O
perigo era o ônibus, porque ele vinha despreocupado. Ali a cultura forte era a
banana. Permaneci lá um ano e meio. Tinha uma casa na Estação Experimental, a
comida era feita por uma empregada. A comida de Ubatuba é baseada em peixe.
Quando havia sobra eles ofereciam de graça o camarão. O porto de Ubatuba era
muito pequeno, não tinha frigorífico, toda semana passava uma barca com
frigorífico. Eles pescavam e tinham que vender. Se a barca não passasse aquela
semana, ou atrasasse três ou quatro dias o que tinha sido pescado podia
estragar. Eu estava a sete quilômetros da cidade. Às vezes ia de bicicleta.
Formei muitos amigos lá, a Cachaça Ubatubana era muito famosa, fabricada por
uma família de Piracicaba que moravam na Fazenda
Velha, os Irmãos Chiéus, fabricavam a pinga Ubatubana. Fui membro do
Rotary Club que já existia em Ubatuba na época. Ia daqui para lá o
especialista em genética de cana, que era o chefe das Estações Experimentais.
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