Eu e o saudoso Tio Tonico mariscando na Ponta da Fortaleza (Arquivo JRS) |
Na
revista Pesquisa FAPESP, de março de 2014, encontrei um assunto que se
edificou a partir do território caiçara de São Sebastião: trata-se do artigo O
valor da natureza, de onde pincei alguns trechos.
“Em tempos de mudanças
climáticas, princípios ecológicos antes deixados de lado parecem ganhar força,
marcando presença em discussões políticas de planejamento econômico para um
plano estratégico de desenvolvimento sustentável”.
Carlos Joly, coordenador do
programa Biota-FAPESP, afirma: “Talvez o melhor exemplo desse avanço em relação
às discussões sobre conservação ambiental seja a criação da Plataforma
Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos pela
Organização das Nações Unidas em 2012”, cuja tarefa um tanto difícil “é de
fazer com que o conhecimento científico produzido sobre a biodiversidade em
todo o mundo seja reunido e sistematizado com o objetivo de subsidiar decisões
políticas e econômicas em nível internacional”.
É muito importante “os estudos
que procuravam valorizar as funções ecossistêmicas sob a premissa de que as
atividades econômicas e o bem-estar humano seriam dependentes dos serviços
naturais por elas geradas, como a produção de oxigênio, alimento e água
potável”.
Faz-nos pensar ainda mais a
afirmação do ambientalista norte-americano Aldo Leopold: “Os animais, as
plantas e os ecossistemas têm um valor em si mesmos, independentemente da
utilidade que possam representar para o homem”.
Nessa direção, o biólogo
Alexander Turra, do Instituto Oceanográfico da USP, num trabalho na baía do
Araçá, em São Sebastião, além de descrever a biodiversidade, também apresenta
“alternativas à intervenção do ser humano no funcionamento desse ambiente e,
inclusive, estimulando iniciativas que tentem reverter o atual quadro de
degradação ambiental”. Segundo ele, “a ideia é tentar conciliar o estilo de
vida local com a preservação ambiental”. Um desafio e tanto, ele reconhece,
“que requer mudanças culturais profundas na sociedade”.
De acordo com esse pesquisador,
“a baía do Araçá mantém hoje os últimos remanescentes de manguezal do litoral
de São Sebastião”. Mesmo assim, com uma considerável diversidade biológica:
“alcança 733 espécies, das quais 34
foram descritas como novas para a ciência”. Agora, o que mais nos interessa: é
um “reduto de pescadores artesanais, que usam pequenas canoas caiçaras para
capturar peixes e crustáceos”. Enfim, com base nas entrevistas, a equipe
observou que “a população parece compreender a importância desse ambiente para
o suporte à vida, à economia e também à manutenção de sua identidade e herança
cultural”.
É por tudo isso - e muito mais! - que é crime o que fazem no espaço caiçara como
um todo ao poluírem sem escrúpulos, ao destruírem nossos rios, restingas, jundus e mangues. Alerta os estudos: “A baía do Araçá oferece
ao homem serviços ambientais, culturais e econômicos importantes, que variam da
produção de alimento e matéria-prima à regulação climática – via sequestro de
carbono e ciclagem de nutrientes”.
Diante de tantos abusos com o nosso ambiente natural, assim me disse o saudoso Tio Tonico por ocasião de mariscar na costeira: "Ao destruir essa herança divina, o ser humano está afundando em uma nova espécie de barbárie. Os inocentes, principalmente os outros seres que sustentam nossas vidas, pagarão sem dever". Sábio titio, né?
Boa tarde José Ronaldo!!
ResponderExcluirAgradeço por compartilhar mais uma vez as histórias que vivenciou no seu caminhar e seu aprendizado.
Sábio titio mesmo!!
O ser humano poderia olhar para a beleza e a complexidade da vida com mais respeito, bem como poderia adotar uma maneira de viver mais simples, como diria Mujica: "Eu não sou pobre, eu sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo com apenas o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade.", ou então quando diz "O único vício saudável é o amor.".
Os seres humanos precisam adotar um estilo de vida mais sóbrio, respeitoso e amoroso para com todos e tudo, a humanidade precisa aflorar nas mentes e corações dos seres humanos.
Abraço,
Nanci Lima
Após um gostoso almoço em família, ler uma agradável mensagem é coisa muito boa. Um abraço, Nanci. Até.
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