Tio Silvário e Tia Astrogilda (Arquivo Os caiçaras contam) |
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Final
de semana foi tudo de bom! Eu e a família estivemos na Festa Literária de
Paraty, onde a cidade é o maior presente ao nosso ser. As suas ruas, onde as
pedras exigem muita atenção da gente, continuam a nos relembrar de seu passado,
de como os escravos trabalharam naquela pavimentação e nas edificações
coloniais. A propósito, tenho de contar esta do meu finado pai ocorrida há
alguns anos:
“Na
semana que passou, meu filho, eu fui até Paraty para buscar uma moela de boi
que eu encomendei como remédio para a ferida da perna. Comigo foi o Belmiro que
continua bebendo demais. Fomos baldeando: descemos no Cambury e de lá pegamos o
outro ônibus até a cidade dos paratianos. Assim que chegamos, ao ver aquele
piso cheio de pedras, ruim de se andar, o Belmiro alertou que, se quiséssemos
manter os dedos inteiros, sem perder nenhuma unha, não poderíamos tomar mais de
duas doses. E foi o que fizemos, mas mesmo assim ainda dei umas topadas”.
Sábado
também foi dia de Concertada, no Projeto
Tamar. Henrique, Galvão, Aládia, Marisa e os demais estão de parabéns. Beleza
mesmo! Que show maravilhoso desfrutamos naquela noite tão típica de inverno na
umidade atlântica! Que venham muitas
outras Concertadas!
Domingo
foi só expectativa, pois parte da nossa família querida de Guaratinguetá estava
sendo aguardada com muito carinho. Depois de uma refeição regada com muita
prosa, ainda pudemos passear e mostrar um pouco de Ubatuba. Aos “Clássicos dos
Caminhos de Servidão” a decisão saiu:
vamos caminhar.
Somente
uma nota de pesar: Tio Silvário faleceu.
Tio
Silvário e Tia Astrogilda serão sempre motivos de orgulho pela perseverança que
sempre mostraram na luta pelas terras da Caçandoca. Os dois, a cada domingo de
reunião na Praia do Sapê (casa do Tio Dito ou do Antunes), faziam suas
preciosas interferências, davam suas contribuições pela causa das terras dos
nossos antepassados. Foi com esse saudoso tio que eu pude conhecer cada lugar das
moradias do Sertão da Caçandoca. No fim do caminho quase engolido pela mata ele
me explicou: “Aqui era a nossa casa de farinha. Daqui pra frente, na direção da
Selinha e do Rio da Prata, ficava nosso mandiocal. Trabalhamos muito aqui, meu
filho. O seu avô Estevan também labutava por aqui. Viver feliz era o que bastava para nós, meu filho. Infelizmente a ganância de outras gentes botou a gente pra fora deste lugar”.
Do
Tio Silvário é que brotou a ideia de tudo aquilo, desde a Praia do Pulso até a
Praia da Lagoa, ser uma Reserva Caiçara Tradicional. Infelizmente os rumos
foram outros. Aos primos e primas desejo muita força neste momento.
Poxa, me lembrei agora do Tio Estevan e da Tia Martinha...de quando passavam pela rua do Eixo dando atenção pra criançada toda.
ResponderExcluirBons tempos...
Abraço Zé Ronaldo