terça-feira, 7 de julho de 2015

VIVER FELIZ É O QUE BASTA!

Tio Silvário e Tia Astrogilda (Arquivo Os caiçaras contam)


Bem-vindo ao blog, Magubax!

               Final de semana foi tudo de bom! Eu e a família estivemos na Festa Literária de Paraty, onde a cidade é o maior presente ao nosso ser. As suas ruas, onde as pedras exigem muita atenção da gente, continuam a nos relembrar de seu passado, de como os escravos trabalharam naquela pavimentação e nas edificações coloniais. A propósito, tenho de contar esta do meu finado pai ocorrida há alguns anos:
               “Na semana que passou, meu filho, eu fui até Paraty para buscar uma moela de boi que eu encomendei como remédio para a ferida da perna. Comigo foi o Belmiro que continua bebendo demais. Fomos baldeando: descemos no Cambury e de lá pegamos o outro ônibus até a cidade dos paratianos. Assim que chegamos, ao ver aquele piso cheio de pedras, ruim de se andar, o Belmiro alertou que, se quiséssemos manter os dedos inteiros, sem perder nenhuma unha, não poderíamos tomar mais de duas doses. E foi o que fizemos, mas mesmo assim ainda dei umas topadas”.
               Sábado também foi dia de Concertada,  no Projeto Tamar. Henrique, Galvão, Aládia, Marisa e os demais estão de parabéns. Beleza mesmo! Que show maravilhoso desfrutamos naquela noite tão típica de inverno na umidade atlântica! Que venham  muitas outras  Concertadas!
               Domingo foi só expectativa, pois parte da nossa família querida de Guaratinguetá estava sendo aguardada com muito carinho. Depois de uma refeição regada com muita prosa, ainda pudemos passear e mostrar um pouco de Ubatuba. Aos “Clássicos dos Caminhos de Servidão” a  decisão saiu: vamos caminhar.
               Somente uma nota de pesar: Tio Silvário faleceu.
               Tio Silvário e Tia Astrogilda serão sempre motivos de orgulho pela perseverança que sempre mostraram na luta pelas terras da Caçandoca. Os dois, a cada domingo de reunião na Praia do Sapê (casa do Tio Dito ou do Antunes), faziam suas preciosas interferências, davam suas contribuições pela causa das terras dos nossos antepassados. Foi com esse saudoso tio que eu pude conhecer cada lugar das moradias do Sertão da Caçandoca. No fim do caminho quase engolido pela mata ele me explicou: “Aqui era a nossa casa de farinha. Daqui pra frente, na direção da Selinha e do Rio da Prata, ficava nosso mandiocal. Trabalhamos muito aqui, meu filho. O seu avô Estevan também labutava por aqui. Viver feliz era o que bastava para nós, meu filho. Infelizmente a ganância de outras gentes botou a gente pra fora deste lugar”.

               Do Tio Silvário é que brotou a ideia de tudo aquilo, desde a Praia do Pulso até a Praia da Lagoa, ser uma Reserva Caiçara Tradicional. Infelizmente os rumos foram outros. Aos primos e primas desejo muita força neste momento.

Um comentário:

  1. Poxa, me lembrei agora do Tio Estevan e da Tia Martinha...de quando passavam pela rua do Eixo dando atenção pra criançada toda.
    Bons tempos...
    Abraço Zé Ronaldo

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