Um
colega mineiro, aparentemente já despreocupado com as necessidades mais
primárias (tem casas, emprego fixo, carro etc.), me encontrou caminhando no
lagamar numa bela manhã de sábado. Começou a andar junto. Fiz uns comentários
da maré alta, do sol despontando por sobre a ilha mais próxima, das conchas,
dos pescadores em suas canoas... Logo eu reparei que ele nem tava aí para a
minha falação, parecendo procurar alguma coisa pela areia, querendo coisa de
valor diferente daquilo que eu tenho como grande valor. De repente, fez um comentário: “Você já
imaginou se eu acho uma garrafa com rolha, cheia de notas verdes de dólares?”. Mais
adiante, percebendo um frasco vazio e um maço de cigarros largado por ali na
noite anterior, eis o comentário dele: “Será que não tem ao menos dez reais
naquele maço”. E foi mesmo mexer na embalagem para verificar essa possibilidade!
Saquei. “O miserável é esfomeado por dinheiro”. É possível? É possível! Aí me recordei de uma
passagem ocorrida com o saudoso Eugênio Inocêncio há muito tempo. É que ele se
encontrava num contexto de personalidade bem parecido com esse que agora narro:
“O danado era mão de vaca, Zezinho. Era mão fechada, unha de fome, pão duro... Gente assim também é chamado
de migalheiro, olho grande, avarento, pão-duro, esganado e outros nomes feios. O tal dizia que os
moradores do lugar, a nossa gente, eram preguiçosos porque não se esforçavam
para trabalhar bastante e ganhar mais dinheiro". “E aí, Eugênio? O que você fez?”. “Eu,
se valendo dos peraus do porto do Eixo, me pinchei na água e atravessei a bal
até o Ilhote do Pontal. É ruim de eu ficar dando pano pra gente assim, hein!?!”.
Boa saída, né? E eu, onde me pinchei? Em lugar nenhum! Tive de aturar mais um “sem noção”.
Demais!!!!
ResponderExcluirAlegrou o meu dia aqui na 'Selva de Pedra'!!!!
E os 'danados' não percebiam que o maior achado e a maior riqueza estava a sua volta!
Abração!