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2014- Painel na escola do Perequê-mirim (Arquivo JRS) |
Apreciando
um mural, provavelmente de alunos, na parede da escola (Florentina) do Perequê-mirim (Ubatuba-
SP), tantas recordações me assolam... Primeiramente penso nas transformações ao
longo da história: de um lugar bem natural, um território livre tupinambá, onde os
portugueses e franceses sonharam outros destinos. Os padres jesuítas (Anchieta
e Nóbrega) forçaram os arranjos que permitiram a posse dos lusitanos. Foi
cruel, Minha Senhora! A Igreja Matriz, assentada a pouca distância da Praia do
Cruzeiro, atesta a força da crença dos europeus sobre as crenças indígenas daquele
tempo.
Até
o começo de 1800, quase nada há a registrar da sobrevivência dos caiçaras.
Somente com a chegada do café a despertar o brilho do lucro nos olhos dos
empreendedores, principalmente portugueses e franceses, a Minha Senhora ganha um mapa.
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Ubatuba no século XIX (Arquivo histórico) |
Os
ingleses, senhores do mundo naquele período, além dos mares, assinalaram os
seus interesses. Seus mapas têm incríveis precisões! Foi o século das grandes fazendas, das devastações para o
cultivo da riqueza rubiácea. Também foi quando as etnias africanas pisaram – e sofreram!
– no solo da Minha Senhora. Chegaram os favores forçados do continente negro ao nosso país! No fim dessa cobiça passageira, com fazendeiros
arruinados ou que migraram, restaram as contribuições africanas ao nosso ser
caiçara. Na pobreza, as técnicas de subsistência para plantio, coleta, caça e
pesca foram essenciais ao meu povo caiçara. Nunca os moradores miscigenados
tinham sentido o quão grande era a interdependência com a natureza, com os
recursos naturais. O sistema de pousio, de cultivar espaços em revezamento, foi
a solução. As técnicas de caça e pesca, de escolha de árvores, de construção de
embarcações e tantas outras tornaram se vitais. Os ciclos da natureza, das estações e de todos
os seres, passaram a ser respeitados. A Minha Senhora achou isso melhor. Afinal,
a necessidade forçou um equilíbrio.
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