sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Colhendo na praia

Praia da Justa- 1993

                Muitos aspectos da cultura caiçara merecem ser relembrados, mesmo que seja quase inimaginável de se repetirem. Um exemplo que agora me vem à lembrança é o “ritual” do sapinhaoá, um  molusco outrora largamente utilizado na culinária. Hoje, com nossas praias e águas sujas, quem tem coragem de coletar sapinhaoá para comer?
                A cada lua cheia ou lua nova, quando a maré seca mesmo, nas praias mais planas (Maranduba, Itaguá, Perequê-açu, Justa etc.) as pessoas acorriam logo cedo para o lagamar. Iam enchendo balaios de sapinhaoá. A prática era impressionante! Alguns se abaixavam, e, com o indicador, arrancavam rapidamente o molusco; outros, de pé mesmo, escavavam os poucos centímetros da areia molhada que recobria o ser em questão. Logo enchiam as vasilhas e retornavam para seus lares.
                Para reconhecer onde está o sapinhaoá: na maré completamente baixa olhe atentamente na areia molhada e busque reparar as mínimas saliências (montículos). Sob eles estão os frutos do mar que tem esse nome. São muito cobiçados para caldeiradas ou simples petiscos acebolados. Nota: os caiçaras não usavam pimenta nos frutos do mar porque tinham a crença que isso resultava na diminuição da oferta.

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