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Cabeceira da cama - Arquivo JRS |
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Arte da Gal - Arquivo JRS |
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Entalhe no remo - Mestre Bigode |
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São Francisco - Mestre Bigode |
Dias atrás a minha querida Gal se recordou
de uns tempos passados, quando ainda namorávamos, mas já estávamos com data de
casamento marcada: “Lembra quando você,
na varanda da casa da sua mãe, na Estufa, estava fazendo alguns móveis para a
casa onde moraríamos em breve? Nossos primeiros armários, a mesa, a cama...
Gostei muito da cabeceira, das margaridas entalhadas”. Lembro-me bem. Dei
conta do recado. Esses móveis continuam com a gente. E, justamente da cabeceira
da nossa cama, ela buscou a inspiração para um dos seus bordados atuais. Ficou
maravilhoso, não acham? Ah! Quero dizer que ela é muito talentosa, produz
trabalhos lindíssimos. Caso queira ver, no instagram (@ternura_atelie) está uma
mostra de seus trabalhos.
Ontem, eu e minha esposa fomos prestigiar a mostra do Mestre
Bigode. Está no teatro municipal. Até hoje eu não conheci nenhum caiçara que
ombreasse com ele nas esculturas em madeira. Parece que foi dias atrás os
treinos desse Mestre que participava das provas de São Silvestre: ele passava pela pista nos finais das tardes, acompanhado por uma filha. Parece que foi ontem um
dos últimos encontros que tivemos: ali, na cabeceira da ponte do Perequê-açu,
debaixo de uma enorme amendoeira que continua lá. Ele se queixava por estar quase
cego, sem possibilidade de recuperar a saúde. Imagine só um entalhador que não
pode ver, um corredor que não pode correr etc. Ele foi tudo isso, além de saber
contar os causos da nossa gente, as maravilhosas histórias do nosso universo de
roceiros e pescadores. Na noite de ontem, estando apenas eu e esposa diante das
obras e de documentos que dão a conhecer o caiçara Antônio Theodoro de Souza,
nascido na Barra Seca em 1932, me recordei de outras obras espalhadas por aí
que tive a felicidade de apreciar. Na casa da minha sobrinha Mônica tem uma
que, sem mentira nenhuma, é a cara do meu avô Estevan. Aqueles traços de pele
curtida pelo sol e pelo mar, aquele olhar de contemplação, de bondade, de
justiça e de acolhida característica de muitos dos nossos. Mestre Bigode
captava essas linhas da gente caiçara, grafava na madeira esses traços. “Coisa de artista”, diria meu finado
pai, também artesão da madeira.
Não deixe de visitar a exposição! Desde já eu agradeço as curadoras, à
família Bigode e aos demais que cederam as peças para deleite do público. Estão
de parabéns!
Vou ver essa exposição, Zé. Obrigado pela informação. Quanto a sua criatividade e á da Gláucia, a minha admiração é enorme. Vocês fazem obras belíssimas. Um abraço.
ResponderExcluirGratidão, amigo. Forte abraço.
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