Desembarque de peixes no Caisão de Ubatuba (Arte: Da Motta -Arquivo JRS) |
No
começo da década de 1980, no Bazar do Compadre, eu conheci Adão. Mais tarde
soube que ele está em Ubatuba desde 1976, quando veio de Caraguá. Grande Adão!
Desde que o conheci, sempre esteve no comércio de artesanato, com loja bem ao
lado da Igreja Matriz. De certa forma, a sua loja era um dos nossos pontos de
encontro para boas prosas. Agora, já tem um tempinho, Adão se aposentou, curte
a sua moradia, a sua moto e as suas plantas... De vez em quando sai para uma
pescaria, sua grande paixão. Dias atrás, conforme o prometido há muito tempo,
fui lhe fazer uma visita. Conversamos de tudo, vimos fotografias antigas,
recordamos de muita gente boa e de muitos momentos bons que vivemos. É bom ter
amigo assim!
Adão
também sempre produziu artesanato em conchas. Tem um estoque delas em casa, nas
prateleiras, mas diz que atualmente não está compensando negociar. “Pode ser que um dia eu volte a fazer os meus
trabalhos. Tá tudo aí guardado”. De repente me veio à mente que, era na
loja dele que eu adquiri alguns trabalhos do saudoso Mestre Da Motta, sempre na
intenção de presentear pessoas especiais. “Da
Motta era o meu preferido. O seu estilo, as tintas, as cenas da nossa
realidade, da nossa cultura”. Então perguntei ao Adão se ele tinha ainda
algum trabalho do Da Motta. “Tenho dois
quadros que estão com o Rui. Ah! Tenho outro aqui, mas só a tela, pois a
madeira se estragou”. E nesse momento vai até o cômodo ao lado à procura da
relíquia. Logo volta e me estende uma tela: “É para você. Até hoje eu não tive oportunidade de esticá-lo, mas está
perfeito. Com você eu sei que estará em boas mãos”. Eu me emocionei ao
receber o presente. Trata-se de uma pintura, da paisagem do Caisão, provavelmente
do final da década de 1970 ou começo de 1980, quando era desembarcado pescado
ali, principalmente sardinhas. As pessoas, sobretudo os mais pobres, iam até lá
e ganhavam peixes dos embarcadistas. Eram balaios e mais balaios lançados dos
porões para serem repartidos sobre o cais. As pessoas saiam com sacolas e
balaios abarrotados, bem felizes.
Agora
a estimada imagem está na minha parede. Valeu, Adão! Viva o nosso Da Motta!
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