Dona Helena e suas plantas (Arquivo Harumi) |
Creio
que é inevitável: quando a palavra é lançada ela ganha autonomia, vai buscando
outras combinações e gerando outras pontes de histórias. No texto anterior
muitos comentários apareceram e outros ainda estão por vir. Por exemplo, soube que a Dona Maria Helena
(Hamako) começou a escrever por volta de 2004, por estímulo do Thomas, seu
genro.
Thomas
De Carle Gottheiner era meu conhecido desde o começo da década de 1970. Foi
quando ele adquiriu uma propriedade na praia da Fortaleza, bem perto do tio
Maneco Armiro, o tocador de rabeca. Sempre se deu muito bem com a caiçarada,
participando dos nossos eventos e momentos. Depois, já no final dessa década,
nos reencontramos no restaurante e pizzaria Perequim, na parceria inicial com Mike
e Gustavo, na praia do Perequê-mirim. Mais tarde buscou uma participação
política, pois tinha uma preocupação constante com os rumos da nossa Ubatuba. E
aí se uniu à nossa amiga Mirtes (Harumi Honda) e foram felizes. Ele – Thomas –
foi um ótimo ouvinte das prosas da Dona Helena, percebeu que seus relatos mereciam
um registro e fez de tudo para que ela mesma fosse a autora dessa proeza. Assim
podemos acompanhar no Caderno de Hamako:
Na praia
Eu e meu irmão Yassuo pegávamos pitus na
praia, no capim da margem [do rio]. É debaixo dele que o pitu fica escondido. A
gente passava a peneira debaixo do capim e pegava muito, mas só levava para
casa os grandes. Os pequenos a gente soltava. Essa praia era muito bonita.
Para pegar a
manjuba precisava de quatro pessoas: duas seguiam na canoa (uma para remar e
outra para jogar a rede), duas ficavam na praia e iam soltando a corda. Quando chegava
bem perto do final da praia, a gente começava a puxar a corda. Nessa hora, as
pessoas da canoa também já estavam puxando do outro lado. Duas pessoas puxam o
lado do chumbo e duas pessoas puxam o lado da boia para chegar junto no saco
que tem as manjubas. Sempre eu ia junto para jogar a rede. Eu gostava muito.