Japoneses, em vindas promovidas pelo Sr. Igawa, catando sapinhauás no Canto do Acaraú (Arquivo Igawa) |
Cheguei ao fim desta etapa, da minha parte na empreitada (de
dar a conhecer a história do Sr. Igawa, um japonês que apostou muito em
Ubatuba). Em prosa com o Nelson Igawa e sua esposa Mary, vislumbrei outras
pistas de pesquisa que futuramente espero apresentar aos que seguem meus
despretensiosos textos. É muito bom
saber que seus descendentes continuam firmes em seus projetos no município!
Quanto a mim, nesta necessidade de conhecer e transmitir coisas de caiçara, vou
trabalhando de acordo com meus recursos e correria do dia a dia, com prazer em
escutar, descobrir tesouros que estão por aí, na nossa história, alguns ainda
encaixotados e carinhosamente mantidos por pessoas sensíveis. Por isso aceito
sempre alguma pista para um trabalho neste molde. E agradeço muito!
Conclusão:
Sr. Igawa (conhecido pelos
funcionários como Sr. Álvaro) nunca morou em Ubatuba, fazia a rota São
Paulo-Taubaté pela via Dutra, ainda de mão simples, e descia a serra em estrada
de terra. A atual rodovia dos Tamoios nem existia, era mesmo feito uma trilha.
Só por isso dá para pensar que ele era mesmo um desbravador. Em São
Paulo participou ativamente até quando pôde de empreendimentos da colônia japonesa:
na federação das escolas de língua japonesa, na construção do kaikan –
associação nipo-brasileira no bairro
onde morava, e por muitos anos na Casa da Esperança ( Kibo-no-iê ), instituição
para doenças mentais e físicas graves. E
ainda teve tempo para ser rotariano ativo, participando até mesmo das
reuniões em Ubatuba quando por aqui se
encontrava.
Sr. Igawa faleceu em 28 de
fevereiro de 2009, um dia antes de completar 87 anos.
Na minha prosa com o Nelson, ainda
nos lembramos:
1- Do empreendimento do
Santokura, na Praia da Barra Seca. Começou com enguias, cujos alevinos vinha em
avião da França. “Vinham dormindo, numa
temperatura de quase zero grau. Quem trazia do aeroporto para cá era o Jorjão,
num caminhão isotérmico. Chegando aqui, passavam de um tanque para outro, em
temperaturas diferentes, rigorosamente controladas. Eles compravam gelo para
reanimar os alevinos. Ali cresciam, engordavam e eram vendidos. Era só para
exportação. Depois, das enguias, Santokura criou peixes tropicais. Ah! Por fim
também funcionou como ranário. Faz tempo que já acabou tudo”.
2- “Outro japonês que investiu em Ubatuba tinha um ranário, no Itamambuca”. Como era mesmo o nome dele?
3- E o que dizer dos
Matsuoka, Makiyama, Orito, Yamada, Hyasa, Imai, Utyama, Ikeda etc. que
abraçaram as chances oferecidas nesta cidade?
Faço questão de acrescentar o comentário esclarecedor da amiga Mary neste espaço:
Faço questão de acrescentar o comentário esclarecedor da amiga Mary neste espaço:
Oi Zé, bom dia!
Nos lembramos de outras famílias japonesas que aqui estavam quando viemos em 1977 - os Kuramoto que tinham pousada e restaurante no Pereque-açu, o famoso Rancho da Lua, os Niyama, do Rio Escuro - agricultores, os Assai até hoje com comercio de água e gás na Thomas Galhardo .Na época havia muito japonês por aqui, mas quando o Japão começou a receber os dekasseguis brasileiros muitas famílias daqui foram pra lá .Um lugar que meu sogro costumava almoçar era no restaurante São Jorge, da dona Izabel e seu Jorge - não sei o nome japonês - que faleceu nos anos 80 e a dona Izabel tocou sozinha até pouco tempo atrás. Vi esses dias que o espaço onde ela morava e tinha restaurante e quartos pra alugar (na rua Jordão H. da Costa próximo a Casa Fernandes) deve virar logo logo um prédio.
Bom fim de semana a todos!
abraço, Mary
Finalmente, apresento o seguinte
texto que esclarece alguns aspectos da cultura japonesa e da importância do Sr.
Igawa na origem da Associação Esportiva e Cultural de Santana, na capital
paulista:
Apesar
de refletirem muito das tradições do país, existe outra forma de conhecer mais
a cultura nipônica que muitos brasileiros ainda têm pouco conhecimento: os
Kaikans, pequenos clubes de bairro da colônia, comuns em vários locais onde a
Imigração é marcante, como ocorre no ABC.
Formado a partir dos termos “kai”
(que quer dizer reunião) e “kan” (prédio), originalmente “Kaikan” era o nome
dado apenas ao espaço onde os imigrantes, ainda pouco integrados ao Brasil, se
reuniam para se confraternizar.
Pouco frequentados fora
do círculo nikkei – como são chamados os descendentes da “Terra do
Sol Nascente” –, os kaikans desenvolvem atividades semelhantes a várias
associações do gênero, com o diferencial de servirem também como redutos
culturais do país oriental.
Segundo a diretora do Museu de
Imigração Japonesa de São Paulo, Célia Abe Oi, os Kaikans podem ser entendidos
como “associações que tem a finalidade de reunir os descendentes e suas
famílias para promover, em conjunto, as atividades sociais, esportivas e
culturais de seu país”.
A Associação Cultural e
Esportiva de Santana completa 40 anos de existência. Foi uma longa caminhada.
Quando volvemos nossos olhares para o caminho percorrido, enchemo-nos de
emoção.
1o Presidente: Suekazu Igawa -
1967~1980
2o Presidente:
Toyohiro Shimura - 1981~1990
3o Presidente: Vicente
Hayashida - 1991~1996
4o Presidente: Toshihiko
Komatsu - 1997~2000
5o Presidente: Mário
Suga - 2001~2008
No primeiro semestre de 2023, recebi esta mensagem da amiga Mary Igawa: Oi Zé, fiquei emocionada ao reler, muito obrigada. Saudades do tempo em que apanhávamos os sapinhoás, abundantes nesse canto do Acaraú. Depois que a Sabesp desviou o despejo de esgoto do rio Tavares para o rio Acaraú junto ao esgoto da Coambiental em seguida, nunca mais vimos por aqui nem as anêmonas nas pedras, nem os pepinos-do-mar, nem as lesmas marinhas, nem pindás, nem sinhás-rosas , bicudinhos , peixe-rei e outros, acabou tudo . Sem falar nas sardinhas que abasteciam as dezenas de salgas espalhadas pela cidade e que eram fartamente distribuídas no caizão a quem dos barcos pesqueiros se achegassem. Outros tempos.....
Quero aqui parabenizar o criador desta página e colaborar com alguns detalhes. Lembro me que o Sr. Godoy, farmaceutico em Arujá com quem eu trabalhava desde os nove anos, (à essa época eu tinha 15 anos) detestava dirigir, e tinha interesses imobiliários na baixada norte, e por isso eu dirigia para o mesmo assim que saíamos da via Dutra em S. José dos Campos até Ubatuba. De Caraguá a Ubatuba o trajeto era parte praia e parte estrada de terra (uma viagem); e é desse período que pude acompanhar as negociações de venda da área da praia da barra seca ao Sr. Santokura, e dessa forma pude ver e acompanhar o desenvolvimento dos tanques e depois a engorda das "unaguis" ou enguia japonesa, e também acompanhar a tecnologia já adiantada de criação de peixes em cativeiro, com água do mar. É uma pena saber que tudo acabou. Lembro também que a essa época, uma das vezes que descemos para a baixada, o fizemos pela velha estrada de santos, e no Guarujá, rumamos para a balsa de Bertioga, e dali à frente, através das praias e pequenas escapadas por estradas de terra, até Caraguatatuba. (um dia inteiro).
ResponderExcluirGratidão por compartilhar essa experiência. Poderia escrever mais a respeito?
ResponderExcluir