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| Arte em casa - Arquivo JRS |
Os meus clássicos da literatura vão e vêm, como marés. Agora, por exemplo, estou numa maré Saramago. Além de viajar por outras terras, à mente me apresentam outras reflexões, muitas visões de mundo e novas contribuições ao meu ser. Assim se faz e refaz meu espírito, a minha alma inquieta que inquieta continua, marca da minha/nossa humanidade que começou a se formar ainda no ventre da mãe, passou pela comunidade da infância e pelas escolhas que foram feitas. Feliz da pessoa que pode fazer escolhas!
Hoje acordei pensando em quem produz arte, sobretudo em quem, na minha terra caiçara, sempre produziu artes para o nosso prazer e reflexões. Em minha memória estão compositores, cantores, tocadores, entalhadores, pintores, tecelãs, ceramistas, fotógrafos, artesão das mais variadas vertentes etc. Infelizmente muitas coisas maravilhosas já desapareceram, não foram arquivadas, nem gravadas, muito menos conservadas em acervos públicos. Preciosas obras de artes surgidas nesse chão caiçara de Ubatuba foram condenadas à morte pela indiferença e pelo desmazelo. Pensei muito nisso certa vez que fui ao museu de arte sacra de Taubaté e vi obras do Mestre Bigode, ubatubano da gema. Levei em consideração um pensamento de Saramago ao fazer itinerário semelhante: "A gente não precisa de imagens sacras para orar aos pés delas, mas precisa de que elas sejam defendidas porque são obras do gênio do homem, beleza criada". Recentemente, no espaço do Teatro Municipal de Ubatuba, houve uma mostra do que foi possível arregimentar das obras desse mestre entalhador. Agora, que tal fazer o mesmo empenho nas obras do Da Motta, do Jacó, do Pio e outros?
O mesmo rumo destas linhas se aplica ao Museu Caiçara, ao Museu Histórico, às ruínas que muita gente nem sabe da existência, às poucas linhas arquitetônicas e urbanísticas desta Ubatuba que atestam um passado interessante, passível de servir ao turismo cultural. Faça um passeio à deriva pela cidade, pelos logradouros, sinta as mensagens de outros tempos e diga convictamente: "Isto tem de ser preservado; aqui merece guia de turismo para a sensibilização das pessoas!".
Ainda podemos consertar e acertar muitas coisas. Ainda há tempo para mostrar muitas obras da genialidade humana! As mostras que acontecem vez ou outra devem se intensificar! Podemos acertar... podemos errar!
Nesta direção, preocupado com o acervo de 14 anos (mais de 2.200 textos até este momento), estou pensando em fazer a escolha de alguns textos para publicação. Para tal desafio estou iniciando uma campanha junto ao público leitor. Espero e agradeço por sugestões na seleção e custeio, via e-mail (ronaldo.jrszero@gmail.com)
"Há horas felizes, há erros que o não são menos" (Saramago)

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