Um homem digno - Arte: Estevan |
ATÉ TU, FONSECA?!?
“Tristeza por aqueles que não param para refletir e acabam escolhendo ficar do lado opressor, enganados que estão por um discurso moralista, defendido por quem é imoral!”. (J. Ivam)
De longe eu avistei o Fonseca, vinha pela mesma calçada, no centro da cidade. De repente, ele se bandeou para o outro lado, evitando o nosso encontro. Azar dele, ué! Afinal, ao menos um bom dia eu lhe garantiria com sinceridade. Qual o porquê? A frase de abertura deste, do estimado Jorge, desconfio que explica bem.
Questionei, mas logo dei a resposta. Afinal, conheci o pai do Fonseca, um caiçara e operário da construção civil que adorava a folia. Sua mãe, até bem idosa, vivia de aumentar os rendimentos servindo na casa de gente rica: era trabalhadora mesmo! A irmandade toda estudou ali, na escola “Capitão Deolindo”, no centro da cidade. Nesse meio, entre escola, festejos e igreja eu conheci essa família tradicional de Ubatuba. Tradicional porque nascidos aqui, não porque justificam os discursos falsos de certos manipuladores políticos do qual o Fonseca e outros tantos caiçaras se orgulham de cultuarem como mito (s). Sorri sozinho ao perceber a manobra dele indo para o outro lado da rua. Quase gritei se ele estava naquele grupo de “patriotas” que não aceitaram ainda os resultados das eleições e ficam dando vexame para o mundo todo. Você é homem, colega! Não se deixe ser engolido por uma bolha que tira a sua dignidade! Concordo que o pleito foi roubado sim. O vencedor, caso não houvesse todas as irregularidades, teria muitos milhões de votos a mais. Ou seja, o Excrementíssimo perdeu roubando feio (PRF).
Esse caiçara alienado está longe de refletir que se trata de uma disputa de narrativas, onde de um lado estão razões humanitárias para inclusão de mais gente, e, de outro, apenas a ganância de uma elite perversa. De certa forma, conhecendo a história dessa família, sobretudo dos pais e outras gerações mais antigas, ao se posicionar contra as garantias de direitos aos mais pobres, Fonseca abre mão do protagonismo enquanto população tradicional caiçara. Agindo assim, ele joga fora os nossos saberes autênticos para abraçar as regras de exploração ao nosso povo. Que vontade de gritar que esses nossos saberes são os meios mais poderosos para salvar o planeta, a humanidade! São os traços culturais herdados dos mais antigos que renovam a esperança que eu tenho na vida. É por esta narrativa que eu vivo, escrevo e educo os meus filhos. Ninguém precisa me patrocinar por isto! Gratidão à minha esposa por ser um lume neste caminhar.
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