quinta-feira, 12 de setembro de 2019

NEGAR INFORMAÇÃO PARA CONTROLAR


Arte da minha Gal (Arquivo JRS)

Espaço nosso (Arquivo JRS)


O filósofo Jean-Jacques Rousseau, há mais de duzentos anos, defendeu que, o povo enquanto  corpo coletivo, é capaz de decidir o que é melhor para o todo social. O povo é que é soberano. Portanto, se um governante não está de acordo com os anseios do povo, é legítimo ser desobedecido. Por isso todos precisam do saber, dos saberes, da Ciência.

          Uma coisa imprescindível para todos, sobretudo aos mais carentes, é a informação. Na verdade, ela está na base de tudo. E, na escola, pela lógica de milênios, é o lugar onde a confiança na informação e formação é maior. Agora, depois de dois infelizes episódios, creio que as pessoas, os cidadãos, devem refletir acerca da legitimidade de certos governantes. Estou me referindo, primeiramente, ao governo do Estado de São Paulo que, agindo talvez motivado pelo interesse nos votos de pessoas religiosas, aquelas de mentes fechadas (conduzidas por falsos pastores), recolheu os livros didáticos do 8º ano do ensino fundamental por conterem uma página, na disciplina de Ciências, informações pedagógicas a respeito de gêneros sexuais. O texto aborda a diversidade sexual e explica diferentes termos como “transgênero”, “homossexual” e “bissexual”. Isso é ruim? Aprender da forma correta, científica, sem sacanagem alguma é errado? Há muito tempo, nos idos de 1970, quando eu estudava na 6ªsérie ginasial, no colégio Capitão Deolindo, o professor Jairzinho, ao nos ensinar sobre o aparelho reprodutor, nos alertou: “Pode ser que algum pai de vocês venha aqui tirar satisfação comigo, sobre isso que estou ensinando. Caso isso aconteça, direi a eles que é melhor vocês aprenderem aqui comigo, na aula, de maneira correta, do que ficar dando atenção a açougueiro de esquina, com um monte de besteiras e cheio de preconceito”. O governador não teve um professor assim! Certamente que ele estudou nas melhores escolas, onde se aprende de tudo e com todos os recursos. “Filho de pobre não precisa de tudo isso”. Talvez nem um representante do Exército, tipo professor Simeão, fosse necessário nas escolas dos ricos.

          O outro fato, ainda mais grave, ocorreu na bienal do livro, no Rio de Janeiro, quando soldados fortemente armados invadiram o espaço das obras e retiraram tudo aquilo que fazia parte do acervo em torno do mesmo tema perseguido pelo governo paulista. Pode isso? Como se espera diminuir a violência, o preconceito e até mesmo os suicídios tratando a educação assim, ou seja, negando aos alunos as informações e novas possibilidades reflexivas para uma verdadeira civilidade, deixando que suas únicas guias sejam mentes preconceituosas, violentas contra as diversas minorias, sem nenhuma empatia por tantas situações de sofrimentos da nossa gente? O pior é escutar no ambiente escolar alguém dizer que essas medidas estão corretas, que "é preciso arrancar o câncer pela raiz".

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