Sérgio da Motta e eu (Arquivo JRS) |
Mestre Da Motta e Estevan (Arquivo JRS) |
Em
meados da década de 1970, morando na praia do Perequê-mirim, eu tinha como
vizinho o Mestre Sérgio Pio. Seus trabalhos, seus entalhes em madeira me impressionava muito. A sua barraca, o seu atelier, era na costeira, perto do
sítio Promontório, quase na Pedra do Alçapão, um maravilhoso pesqueiro de
garoupa, antes de chegar à praia Brava do Hermínio, hoje nomeada erroneamente
de praia do Lamberto. No final desta mesma década conheci, na escola “Deolindo”,
em Ubatuba, um pessoal bem legal. Sérgio, Paulo, Augusto, Daniel... filhos do Mestre Da
Motta, um escultor da praia do Perequê-açu. Eu e Augusto estudamos na mesma
série. Seu companheiro inseparável era o “Cabecinha”. Juntos com
Osmara formavam um agradável trio. Bons tempos das “cocotinhas”! Nessa mesma
época acompanhei as exposições do Mestre Bigode, um caiçara do Ubatumirim, com
traços bem característicos nas esculturas mínimas e máximas. Que traços
naqueles santos de dois centímetros de tamanho! E – pasmem! – por intermédio da
saudosa Dona Leonor fiz os primeiros contatos com o Mestre Jacob! Resumindo: Pio,
Da Motta, Bigode e Jacob me influenciaram muito, me despertaram para as figuras
que parecem querer sair da madeira. Um pouco mais tarde um escultor da geração
nova: Luís, o autor das Duas Toninhas, da Via Sacra da Igreja São Francisco etc.
Enquanto isso Sérgio e o finado Dani caminharam sob inspiração do pai (Da
Motta).
No
domingo passado, passando por ali, na avenida Félix Guisard, 348, mostrei para
o meu filho, pelo portão fechado, o atelier do Da Motta. Depois de tantos anos,
ainda não consigo deixar de me emocionar. Quantas já peças comprei no Bazar do
Compadre, nas mãos do estimado Adão, para presentear pessoas queridas! As cenas
caiçaras com seus coloridos continuam me encantando! Nisso, quando explicava
emocionado ao meu filho Estevan, uma senhora sorriu e nos convidou a entrar.
Disse: “O meu sogro saiu, foi até a cidade, mas o meu marido, o Sérgio, já está
chegando. Fiquem à vontade”. Que maravilha essa acolhida caiçara! De fato, logo
o Sérgio chegou. Nos abraçamos depois de tantos anos. E aí fomos conversando,
nos deslumbrando com as ferramentas, as peças começadas e as já prontas. Soube
que o pai se recupera de um tratamento. “O coração dele nos deu um susto!
Agora, aos 85 anos, já está bem. Tá andando por aí!”. Por fim nos despedimos
porque ainda tínhamos quase uma hora e meia de caminhada. Ao atravessar a
ponte, vindo na maior tranquilidade, avistei o querido Mestre Da Motta. Que
prazer! “Uma foto, querido Estevan, porque poucos têm esse privilégio!”.
Bigode
e Jacob já se eternizaram por suas artes, deram notoriedade à comunidade do
Perequê-açu. Longa vida ao Mestre Da Motta! Que Sérgio, Luís e os mais novos
conduzam honradamente seus talentos!
Bom dia, Sr. José Ronaldo. Eu o encontrei aqui depois de fazer uma pesquisa para saber mais a respeito do escultor Pio. O máximo que descobri foi ser ele de Ubatuba e nada mais. Pergunto se há algo que pode me indicar sobre os trabalhos dele, ou se ainda vive. Pergunto isso, pois, minha pesquisa se deu depois que quis saber quem era o escultor de um remo que adquiri, assinado PIO. É isso. Se puder me indicar algo a respeito desse senhor, eu o agradeço. Muito obrigado por sua atenção.
ResponderExcluirEu escrevi uma crônica sobre o Sérgio Pio. Está no blog. Segundo o meu tio Nelson, esse escultor era de Pindamonhangaba, mas casou-se com uma caiçara, da praia da Justa ou Almada.
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