Praia do Itaguá (Arquivo JRS) |
Saio
bem cedo para uma caminhada. “Corpo e cabeça precisam de exercícios”. Na praça,
perto da minha casa, um grupo de trinta ou mais jovens ainda não encerraram a
madrugada. São moças e rapazes contentes, mas logo devem se retirar para suas
casas para outras comemorações em família.
Seguindo a rua principal encontro os frequentadores habituais, de
hábitos noturnos: conversam, bebem e fazem outras coisas que preenchem a
rotina. Eles me reconhecem. Uma garota, ex-aluna há muitos anos, comenta com os amigos: “José Ronaldo foi o melhor professor de História que eu tive”.
Aceno-lhes com a mão; sou-lhe grato no silêncio das passadas. “Seja feliz,
Carlinha”. Mais adiante apenas digo "olá" ao vigia do posto de gasolina. “Logo mais
irá descansar, espero”. Já na rodovia, de longe avisto duas pessoas: um está
sentado na calçada; outro, sobre a bicicleta, segura um aparelho, um celular.
São jovens como os demais que encontrei neste amanhecer. Quando me aproximo, o
da bicicleta fala: “Ele está passando mal, já telefonei para o socorro. Disseram que só tem uma ambulância trabalhando. Vou
aguardar. Mas eu não o conheço”. Então reparo que o outro não estava bem, tinha
uma das mãos sobre o coração, sentindo dores. É o que eu chamo de
solidariedade. Que ação significativa no amanhecer deste dia! Mais uma oportunidade
para refletirmos sobre o sentido ético desses jovens!
A
juventude ameaça o sistema político podre. Ela representa o principal perigo
às velhas raposas que “cuidam” do Brasil. Talvez seja por isso que a mídia dá
enfoques tão negativos às ações juvenis. A mídia é dessas raposas! E tem tanta
gente que acredita que tudo pode ser apreendido em uma só visão! Miserável é o “cabeça
gorda”, o “sem-noção”. Disse Jesus: “Sempre os tereis entre vós”.
Em
2017, eu quero escutar, aprender mais, crer que “uma geração não é feita de
idades e sim de afinidades” conforme escreveu alguém. E espero continuar
escrevendo, principalmente pelo prazer de escrever, me inspirando em Mário de
Andrade que disse: “Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir
de lição”. A todos que alimentam esse espírito solidário eu desejo um feliz 2017.
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