quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

ESPÍRITO DE SOLIDARIEDADE

Praia do Itaguá (Arquivo JRS)

               Saio bem cedo para uma caminhada. “Corpo e cabeça precisam de exercícios”. Na praça, perto da minha casa, um grupo de trinta ou mais jovens ainda não encerraram a madrugada. São moças e rapazes contentes, mas logo devem se retirar para suas casas para outras comemorações em família.  Seguindo a rua principal encontro os frequentadores habituais, de hábitos noturnos: conversam, bebem e fazem outras coisas que preenchem a rotina. Eles me reconhecem. Uma garota, ex-aluna há muitos anos, comenta com os amigos: “José Ronaldo foi o melhor professor de História que eu tive”. Aceno-lhes com a mão; sou-lhe grato no silêncio das passadas. “Seja feliz, Carlinha”. Mais adiante apenas digo "olá" ao vigia do posto de gasolina. “Logo mais irá descansar, espero”. Já na rodovia, de longe avisto duas pessoas: um está sentado na calçada; outro, sobre a bicicleta, segura um aparelho, um celular. São jovens como os demais que encontrei neste amanhecer. Quando me aproximo, o da bicicleta fala: “Ele está passando mal, já telefonei para o socorro. Disseram que só tem uma ambulância trabalhando. Vou aguardar. Mas eu não o conheço”. Então reparo que o outro não estava bem, tinha uma das mãos sobre o coração, sentindo dores. É o que eu chamo de solidariedade. Que ação significativa no amanhecer deste dia! Mais uma oportunidade para refletirmos sobre o sentido ético desses jovens!
               A juventude ameaça o sistema político podre. Ela representa o principal perigo às velhas raposas que “cuidam” do Brasil. Talvez seja por isso que a mídia dá enfoques tão negativos às ações juvenis. A mídia é dessas raposas! E tem tanta gente que acredita que tudo pode ser apreendido em uma só visão! Miserável é o “cabeça gorda”, o “sem-noção”. Disse Jesus: “Sempre os tereis entre vós”.

               Em 2017, eu quero escutar, aprender mais, crer que “uma geração não é feita de idades e sim de afinidades” conforme escreveu alguém. E espero continuar escrevendo, principalmente pelo prazer de escrever, me inspirando em Mário de Andrade que disse: “Não devemos servir de exemplo a ninguém. Mas podemos servir de lição”. A todos que alimentam esse espírito solidário eu desejo um feliz 2017.

Nenhum comentário:

Postar um comentário