quarta-feira, 6 de julho de 2016

MUITO MAIS QUE UMA SALGA



 
Festa de confraternização na Salga Iwashi (Arquivo Igawa)

Na presente parte, entenderemos outros fatores que forçam o Sr. Igawa a deixar a atividade ligada à pesca. O legal disso tudo é que seus empreendimentos uniram pessoas, trouxeram gente boa para habitar aqui, dando sua contribuição à civilidade ubatubense.

Novo empreendimento:
       Com a melhora nas finanças investe na área de turismo pois tem um terreno até então ocioso cujo IPTU absorve parte do lucro da salga. Em 1984 é inaugurado o Itaguá Camping.

Nova crise:
      Novamente não há matéria prima para trabalhar, agora bem mais grave. Junto a várias outras razões, o derramamento de óleo por duas vezes em S. Sebastião acarreta o sumiço dos cardumes de peixes, além das sardinhas, carapaus, peixes-galos, porquinhos, espadas, e, das pedras enegrecidas pelo óleo, sumiram as anêmonas, pepinos-do-mar, lesmas-do-mar, sapinhauás. Pela falta de perspectivas, são vendidos os dois barcos. A salga encerra suas atividades  em 1992.  Um tempo depois, em 1994, a fábrica de gelo é fechada.

Dos funcionários:
        Muitos funcionários passaram a trabalhar no camping, foi uma situação de adaptação. Porém como dizia o Sr. Altivo ( que aposentou-se pelo camping e desde que saiu do alojamento foi morar em casa própria na Estufa ), era “trabalho mais leve” e acabaram por se aposentar por lá. O Dito, trabalhador desde o começo da salga, hoje é aposentado, mora  em casa própria no Ipiranguinha,  continua na labuta com horário diferenciado. Já o Emídio (também desde o início da salga),  aposentou-se e ficou morando em casa da empresa até sua morte há alguns anos atrás . Lilo, gerente do camping, quando adolescente foi auxiliar de escritório da salga. E outros vários funcionários e suas famílias saíram das moradias da empresa para sua casa própria.

Outras histórias:
    Sr. Irineu Stoppa mudou-se de  Ubatuba com os filhos adolescentes. Foi para São Paulo em 1976, mas continuou na empresa assessorando  a parte de contadoria e administração do camping durante as temporadas até o ano de 1998. Voltou para sua terra natal, Lençóis Paulista.
         Sr. Jorge  Todan, construtor, veio do Paraná com a família; por aqui ficou e hoje um de seus descendentes Sr. Flávio Todan tem empresa de mecânica de carros em Ubatuba.
      Cláudio, do setor de gelo, vindo de Catuçaba, morava no alojamento; cortava os cabelos de outros rapazes na época. Hoje tem seu salão de barbearia na Hans Staden, próximo ao calçadão.
       Na salga trabalhavam muitas mulheres, casadas e solteiras, e na fábrica de gelo muitos rapazes, vindos de fora ou não. Algumas crianças da vizinhança  montavam caixetas de madeira quando era necessário. A Jaci era casada com o Preto e mãe de 3 adolescentes. Depois se apaixonou pelo Donizetti (do gelo), estão juntos até hoje e tiveram dois filhos.
        Sr. Miúra deixou a salga e a moradia com a família em 1976 e foi trabalhar na lavoura no Rio Escuro. Vendia seus produtos na feirinha de Ubatuba  com a ajuda dos 6 filhos, hoje todos engenheiros, sendo que um deles é formado no Ita (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) .
       Dona Júlia era da salga; seu Valter seu marido, motorista da empresa. Morou uns tempos no alojamento depois de viúva, aposentou-se mas continuou por um bom tempo ajudando na lida das três netas do Sr. Igawa. Hoje com 87 anos, 4 filhos, um tanto de netos e 13 bisnetos, mora com o filho Ricardo na Estufa 2.

         De Santa Mariana, no Paraná, veio um casal que ficou pouco tempo, mas o tempo necessário para que Marina  viesse visitar a irmã  nas  férias; acabou se relacionando com um dos filhos do Makiyama, por aqui ficou e se tornou mesmo uma cidadã ubatubense , foi professora , vereadora e nos últimos tempos de sua vida cuidava em fazer jardins pela cidade.







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