Primeira colheita após 40 anos (Arquivo JRS) |
Neste
ano (2015), estou tendo o prazer de trabalhar no Massaguaçu, em Caraguatatuba.
Meus colegas são maravilhosos! Dá muita satisfação perceber o quanto somos responsáveis
pelo brilho em tantos olhos que vão desvendando o mundo pelos estudos, pela
reflexão com parâmetros de adultos no mundo do trabalho. Mas... além disso,
quero contar aos leitores uma surpresa
bem minha: trata-se da redescoberta de uma planta, na verdade um cipó. Ou
melhor, de uma espécie de pepino que, na minha infância abundava no litoral,
nos espaços onde os caiçaras brincavam e coletavam frutos.
A
última vez que apreciei desse pepino, cuja dimensão está em torno do tamanho da
unha do meu dedo polegar, foi aos treze anos, quando trabalhava como servente
de pedreiro na Praia da Enseada, na construção do Hotel Nosso Cantinho. Toda
aquela área, de mata maravilhosa, repleta de maracujá roxo e de pepino, era do “Inglês”,
o falecido companheiro da Dona Jovina. Portanto, passei quarenta anos na busca
desse fruto tão singelo, que se esconde trepando pelos galhos de algum terreno
nativo. "Ele estava ali, bem perto da escola, logo depois daquele lindo bambuzal. Sorte que os meus olhos buscavam algo".
Agora,
depois de conseguir formar mudas, já estou coletando pepinos no meu quintal.
Grande satisfação é poder apresentar tal fruto, com gosto de infância, à minha
esposa, à minha filha, ao meu filho e a outras pessoas que tanto estimo.
De
vez em quando me recordo de outras frutas, de outras raízes e de algumas plantas que há tempo não vejo. Tenho certeza
que elas se tornaram raras (ou sumiram?) porque os espaços foram ocupados e
aterrados devido à especulação imobiliária, com casas ficando até anos sem
hospedar ninguém. É assim que a terra perde a função social e deixa-nos com
saudades de outros seres (plantas, animais...) que também foram desalojados do
chão original.
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