domingo, 13 de setembro de 2015

PUTA QUE LAMPARINA!

Cará-moela e outros produtos do meu quintal (Arquivo JRS)
Indaiá: o maior coco das nossas matas (Arquivo JRS)

                Esta exclamação bem ao modo do Tio Dito Félix, além de um sonho nesta madrugada, onde aparecia a Costeira do Cambiá, na Praia da Fortaleza, me fez recordar de atividades que até muitos dos mais velhos nem se lembram mais. Um exemplo é a coleta de limo na costeira, tão comum até a década de 1970, por encomenda de compradores japoneses. “Ah! Quantas vezes não vi o Tio Maneco Armiro juntando daquele limo nas pedras do Canto do Cambiá!?!”.
                Conversando com o Tio Neco (que agora está muito enfermo, no hospital de São Sebastião) a respeito desse trabalho, ele completou:

                “Assim que abriu a estrada [1953 – Caraguá-Ubatuba], apareceram os japoneses para comprar limo. Os caiçaras recolhiam nas costeiras, traziam para casa, punham para secar durante três dias num jirau de pindoba, de onde saía um cheiro muito gostoso. O seu avô [Estevan], o seu pai [Leovigildo] e o seu tio Chico faziam esse serviço. Num dia marcado vinha o japonês e comprava tudo. Era um dinheiro a mais para comprar as coisas que a gente precisava e não tinha”.

                    A coleta do coco indaiá para fazer paçoca e tomar com café era outra atividade da nossa rotina, em meados do ano, quando estava seco e se desprendia dos cachos. Foi o que fiz na semana passada. E o que dizer da safra de cará-moela que agora me farta?


                “Puta que lamparina! Nem parece que faz tanto tempo esse nosso viver!”.

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