domingo, 10 de novembro de 2024

TUDO ISSO É NOSSO

 

Puxada de rede - Perequê-mirim - 1945 (Foto Schmidt)


      Estou num sonho. Numa grande sala um especialista explanava acerca de energia solar; recorrendo a recursos tecnológicos avançados mostrava, de forma virtual, a implantação de uma grande área de placas sobre o mar próximo do Saco da Ribeira, na enseada  de dentro da Ilha Anchieta. Eu acompanhava estupefato como foi sendo traçado sobre a água a planta dos painéis.  Segundo o especialista, ela era “modesta diante de tantas que estão espalhadas mundo afora”. Na sequência chegaram Dani Yoko e Jorge Ivam, colegas professores, para se deslumbrarem comigo. Na verdade, o meu estimado amigo, quando mais jovem, já havia participado de um encontro no assunto. “Foi com este mesmo especialista”. Por isso ele – Jorge – tinha algumas imagens de satélite sob autoria da Procuradoria do Saco da Ribeira. Foi nelas que eu pude ver esses projetos pelo planeta, nos mais distantes países. Alguns eram enormes, abrangiam imensas áreas marítimas, outros eram mais modestos, mas todos seguiam o mesmo esquema, as mesmas tecnologias que se planejava para o nosso mar onde tantas vezes pesquei com meu pai, meus avós e tantos amigos. “Impressionante os avanços da inteligência humana! É, a necessidade é a mãe da criatividade!”. Acordei depois desta exclamação.

     Agora reflito diante da realidade: pensa-se em tudo levando em conta o desenvolvimento das tecnologias. Só que é uma mínima parcela da população que aproveita o máximo desses investimentos. “Tudo isso é nosso, serve aos nossos planos”. São projetos visando deixar os ricos ainda mais ricos. Os pescadores e suas famílias não entram nos planejamentos a não ser para serem apenas servidores, viverem de míseros salários. Aos poucos não terão espaços para as suas canoas e seus apetrechos de pesca; irão morar distante do mar, por morros acima. Na verdade, se aproveitam deles! Onde estão as famílias tradicionais do Saco da Ribeira? Onde estão os riachos do Saco da Ribeira? Onde está a praia do Saco da Ribeira?

Em tempo: por 10 anos eu e minha família moramos no Perequê-mirim, praia vizinha do Saco da Ribeira. 

2 comentários:

  1. Bom dia, Zé. Também penso que nada é feito para o bem-estar de todos, mas só para uma parcela da humanidade.

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  2. E assim uns progridem enquanto a maioria segue definhando assustadoramente. Grande abraço, amigo!

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