Puxada de rede - Perequê-mirim - 1945 (Foto Schmidt) |
Estou num sonho. Numa grande sala um especialista explanava acerca de
energia solar; recorrendo a recursos tecnológicos avançados mostrava, de forma
virtual, a implantação de uma grande área de placas sobre o mar próximo do Saco
da Ribeira, na enseada de dentro da Ilha
Anchieta. Eu acompanhava estupefato como foi sendo traçado sobre a água a planta
dos painéis. Segundo o especialista, ela
era “modesta diante de tantas que estão
espalhadas mundo afora”. Na sequência chegaram Dani Yoko e Jorge Ivam, colegas professores, para
se deslumbrarem comigo. Na verdade, o meu estimado amigo, quando mais jovem, já
havia participado de um encontro no assunto. “Foi com este mesmo especialista”. Por isso ele – Jorge – tinha algumas
imagens de satélite sob autoria da Procuradoria do Saco da Ribeira. Foi nelas
que eu pude ver esses projetos pelo planeta, nos mais distantes países. Alguns
eram enormes, abrangiam imensas áreas marítimas, outros eram mais modestos, mas
todos seguiam o mesmo esquema, as mesmas tecnologias que se planejava para o
nosso mar onde tantas vezes pesquei com meu pai, meus avós e tantos amigos. “Impressionante os avanços da inteligência
humana! É, a necessidade é a mãe da criatividade!”. Acordei depois desta
exclamação.
Agora reflito diante da realidade: pensa-se em tudo levando em conta o
desenvolvimento das tecnologias. Só que é uma mínima parcela da população que
aproveita o máximo desses investimentos. “Tudo
isso é nosso, serve aos nossos planos”. São projetos visando deixar os
ricos ainda mais ricos. Os pescadores e suas famílias não entram nos planejamentos
a não ser para serem apenas servidores, viverem de míseros salários. Aos poucos
não terão espaços para as suas canoas e seus apetrechos de pesca; irão morar
distante do mar, por morros acima. Na verdade, se aproveitam deles! Onde estão
as famílias tradicionais do Saco da Ribeira? Onde estão os riachos do Saco da Ribeira?
Onde está a praia do Saco da Ribeira?
Em tempo: por 10 anos eu e minha família moramos no Perequê-mirim, praia vizinha do Saco da Ribeira.
Bom dia, Zé. Também penso que nada é feito para o bem-estar de todos, mas só para uma parcela da humanidade.
ResponderExcluirE assim uns progridem enquanto a maioria segue definhando assustadoramente. Grande abraço, amigo!
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