quinta-feira, 5 de abril de 2018

TRABALHO EM EQUIPE

Dona Bereniza e Luizmar



     

             Continuando a história da Regina, a professora:

          Assumir a escola PARANABI, para uma professora recém-formada, foi uma atitude radical, bem apropriada para alguém tão idealista. Vendo umas fotos e umas poesias, imaginei um relatório da amiga. Assim...

“Oficialmente, num dia encoberto embarcamos no barco da prefeitura que atendia todas as comunidades do arquipélago de Ilhabela, composta de treze ilhas, mas sendo apenas quatro habitadas (São Sebastião, sede da Ilhabela, Búzios, Vitória e das Cabras), com uma companhia muito respeitada (Dona Bereniza, 64 anos, moradora dos Búzios). Luizmar, um parceiro, me auxiliou muito naquele dia. Logo em torno de nós se formou espontaneamente a primeira equipe: três meninos, meus futuros alunos, ajudaram a carregar as caixas e bolsas, abriram a porta da escola e me apresentaram o lugar onde eu moraria nos dois anos seguintes. A sala de aula guardava os sinais da outra pessoa que ali exerceu a docência; pelas paredes, os desenhos revelavam as aspirações de quase todos os meninos e meninas: traineiras coloridas permitiram que eu visse ambições de um povo ligado à pesca, ao universo marítimo. Do terreiro da escola rodeada de árvores frutíferas, eu avistava o porto da comunidade, todo o Saco do Sombrio. E então escrevi o primeiro poema:

Não é só beleza;
É de onde os frutos alimentam
Pais e filhos
Que habitam 
Esta terra
Maravilhosa.

E a natureza de variadas espécies arbóreas, me fez pensar nos mestres canoeiros que vasculham as matas sondando as melhores madeiras para fazerem suas embarcações, me fez pensar nos espaços vitais de roçados que estão ao meu redor... Me fez registrar isto:

Desse meio da mata,
Bem de dentro dela,
Lá estão elas:
A imbuia,
A cerejeira,
O jatobá.
Desse jeito,
Essa madeira,
Pouca já!

Tenho a certeza que ela, a mata, tem seus segredos e mistérios e guarda consigo a doçura do dia e da noite, do passado e do presente... E sabe lá Deus o que será do futuro! 

Eu sonho com um novo mundo 
Numa terra nova 
E trabalho desde já 
Para a esperança não se esvaziar. 


E nos dias seguintes, nas primeiras aulas e nas que se seguem pelo tempo, a equipe inicial se refez, se desdobrou, se multiplicou nas tarefas que tínhamos no cotidiano. A escola, a MINHA PRIMEIRA ESCOLA  assume outra feição, deixa de ser apenas uma casa no alto do morro do Sombrio”. 

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